Pecuaristas, a rastreabilidade individual de bovinos, que está em andamento no Brasil, é uma ferramenta de gestão e de rentabilidade que traz benefícios diretos para o seu negócio. Assista ao vídeo abaixo e confira os detalhes.
Longe de ser apenas uma exigência de mercados importadores, a rastreabilidade se consolida como um ativo valioso para o produtor rural que busca otimizar a produção e agregar valor à sua carne.
Nesta entrevista no programa Giro do Boi, Michele Borges, gerente executiva da Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável e integrante do Comitê Gestor de Rastreabilidade do Mapa, abordou a importância da rastreabilidade para a sustentabilidade da pecuária brasileira e o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos.
Rastreabilidade: de exigência a vantagem competitiva
A rastreabilidade individual está deixando de ser vista como uma burocracia e se tornando uma vantagem competitiva. A Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável, por meio de seu “Diálogo Inclusivo”, debateu como a rastreabilidade é uma ferramenta de valor para a gestão e o acesso a mercados diferenciados.
Os benefícios diretos para o produtor rural são claros:
- Melhoria da gestão: A rastreabilidade permite um controle mais preciso da produtividade e da eficiência da produção, mesmo que o produto não seja exportado. Com dados individuais de cada animal, é possível tomar decisões mais assertivas sobre manejo, nutrição e melhoramento genético.
- Acesso a crédito rural: A rastreabilidade abre portas para linhas de crédito com juros menores, como os programas ABC+, Pronaf Verde e outras linhas que bonificam a sustentabilidade, incentivando o investimento na fazenda.
- Valorização da produção: A rastreabilidade se paga com os bônus recebidos na venda do gado e com a economia gerada pela melhor gestão e prevenção sanitária, agregando valor à arroba produzida.
- Segurança sanitária: Garante um controle mais rigoroso da saúde do rebanho, o que eleva a reputação do produtor e do produto, fortalecendo a confiança dos consumidores.
A rastreabilidade não é exclusividade de grandes fazendas; ela já é adotada por médios e pequenos produtores, com o apoio de técnicos, cooperativas e plataformas acessíveis, democratizando o acesso à tecnologia.
O EUDR e a importância da rastreabilidade para a exportação
O Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), que entrará em vigor em 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e em 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas, proíbe a importação de produtos agropecuários que estejam ligados à destruição da vegetação nativa.
Nesse contexto, a rastreabilidade se torna uma ferramenta eficaz para atender ao EUDR, pois permite comprovar:
- Onde o animal nasceu e foi criado: Georreferenciando a propriedade e a localização do gado.
- Se a área é legal: Verificando se a fazenda está em conformidade com a legislação ambiental vigente.
- Se a propriedade é livre de desmatamento: Comprovando que a produção não está ligada à destruição da vegetação nativa após a data de corte do regulamento.
O Brasil como líder em sustentabilidade: um chamado nacional
O Brasil, com sua vasta extensão territorial, diversidade de biomas e o maior rebanho comercial do mundo, tem um papel crucial na agenda climática global.
A cooperação entre todos os atores da cadeia (produtores, indústria, governo e sociedade civil) é fundamental para que as políticas públicas impulsionem a pecuária sustentável.
Programas como o Plano Safra e o ABC+ já existem para apoiar o setor. É preciso que esses esforços sejam direcionados para a implementação de práticas que garantam que a pecuária seja:
- Sustentável economicamente: Com lucratividade garantida para o produtor.
- Mensurável: Com dados concretos que comprovem a baixa emissão de carbono e o impacto ambiental positivo.
- Escalável: Acessível a todos os produtores, independentemente do porte de sua propriedade.
A adoção de modelos de integração (ILP/ILPF), a recuperação de pastagens degradadas, o acesso à assistência técnica e a implementação da rastreabilidade individual são práticas que precisam ganhar escala.
O Brasil está posicionado para ser uma potência mundial de alimento e energia, e a rastreabilidade é a chave para mostrar ao mundo a sustentabilidade e o compromisso da pecuária brasileira com o futuro.