Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) mostram que a cadeia produtiva da soja e do biodiesel movimentou R$ 650,4 bilhões em 2024, valor R$ 22 bilhões abaixo dos R$ 672,4 bilhões registrados no ano anterior.
Segundo as entidades, a retração de 3,27% no chamado PIB-renda reflete a quebra da safra de soja no país, que comprometeu o desempenho do setor como um todo. Considerando o volume físico das atividades da cadeia, o recuo foi ainda maior: queda de 5,03% em relação a 2023, segundo relatório publicado pelo
Mesmo com o tombo, o valor agregado pela cadeia foi o segundo maior da série histórica iniciada em 2010, superado apenas pelo recorde do ano anterior. Com esse desempenho, a participação da cadeia da soja e do biodiesel no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro passou de 5,9% em 2023 para 5,5% em 2024. Dentro do agronegócio, a fatia caiu de 25,2% para 23,8%.
A produção de soja somou 147,7 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Embora seja a segunda maior safra já colhida no país, o volume ficou aquém do necessário para sustentar a cadeia, diante dos efeitos adversos do clima sobre a produtividade. O impacto foi sentido principalmente no segmento primário, cujo PIB caiu de R$ 179,8 bilhões para R$ 147,1 bilhões, recuo de 18,2% em termos reais.
A agroindústria foi o destaque positivo do ano, com crescimento de R$ 81,3 bilhões para R$ 88 bilhões no PIB-renda – avanço de 8,31%. O principal motor foi o biodiesel, cujo valor gerado subiu de R$ 4,7 bilhões para R$ 10 bilhões, alta de 110,56%. A indústria de rações também teve crescimento, passando de R$ 10,6 bilhões para R$ 12 bilhões (+13,73%), enquanto o esmagamento e refino da soja ficou estável, em torno de R$ 66 bilhões.
Do lado do comércio exterior, a cadeia exportou US$ 54,25 bilhões em 2024, recuo de US$ 13,3 bilhões ante os US$ 67,56 bilhões de 2023. A queda de 19,69% no valor exportado foi puxada pela retração dos preços internacionais (-17,6%) e pela leve redução do volume físico exportado, de 127,3 milhões para 124,1 milhões de toneladas (-2,54%). A China seguiu como principal destino, com 59% das compras totais, liderando as aquisições de soja em grão (73,4%) e glicerol (78,7%).
Entre os subprodutos, o farelo de soja foi o único com aumento em volume exportado, passando de 22,47 milhões para 23,13 milhões de toneladas (+2,94%). Já o óleo de soja caiu 41,39% e o biodiesel 30,58%. O principal destino do óleo foi a Índia, enquanto o farelo teve como principais mercados a União Europeia, o Sudeste Asiático e o Oriente Médio.
O relatório destaca que a agregação de valor pela indústria é substancial. Em 2024, o PIB gerado por tonelada de soja processada foi de R$ 8.108, enquanto a soja exportada diretamente gerou R$ 1.738 por tonelada. Isso significa que o processamento agregou 4,67 vezes mais valor à economia do que a exportação in natura.
No mercado de trabalho, o número de ocupados na cadeia da soja e do biodiesel caiu de 2,34 milhões para 2,26 milhões de pessoas em 2024, redução de 3,20%. A retração foi puxada pelos agrosserviços (-4,98%) e pelo setor primário (-2,60%). Em contrapartida, a agroindústria cresceu 20,71% em número de empregos, com destaque para o esmagamento e refino (+42,2%), rações (+14,6%) e biodiesel (+2,26%).
A queda na ocupação também afetou a participação da cadeia no total do emprego nacional. No agronegócio, a fatia recuou de 10,29% para 9,71%. Na economia como um todo, a participação passou de 2,35% para 2,24%.