Sucesso e fracasso, safra cheia e quebra. Essa é a rotina do produtor de soja brasileiro. A temporada 2023/24 não será recorde. Os cortes de produtividade em Mato Grosso, apenas para citar um exemplo, são severos.
No entanto, o momento é de sacudir a poeira e olhar para a frente. Isso porque o atual cenário mostra que já é hora de abastecer-se de insumos para planejar o ciclo 2024/25. Essa é a avaliação da especialista em agricultura e fertilizantes da Argus, Renata Cardarelli.
“Em 2023, o produtor de soja postergou muito as suas compras de fertilizantes. Já neste momento, vemos que ele pode antecipar essas aquisições já para o primeiro trimestre deste ano porque o preço está favorável, em especial o cloreto de potássio”, conta.
Contudo, ela salienta que os preços dos fosfatados continua firme, ainda mais ao se considerar o MAP.
“Considerando isoladamente o SSP, outro fertilizante fosfatado, pode ser que as compras se intensifiquem neste momento. A tendência que observamos é que o preço do grão não está ajudando muito [a relação de troca]. O que enxergamos é que o produtor reavaliará o cenário para antecipar as suas compras, especialmente de KCL (cloreto de potássio) e de alguns fosfatados”.
Preço dos fertilizantes
Em custos de importação, o MAP está, desde 21 de dezembro de 2023, cotado a 560 dólares por tonelada. “Mas devemos ver um incremento neste preço assim que o exportador se posicionar porque o Brasil deve começar a importar o produto”, considera Renata.
Quanto ao cloreto de potássio, a especialista da Argus sinaliza que está abaixo de 300 dólares por tonelada no mercado de importação.
De acordo com ela, ao se observar a série histórica, os preços deste adubo recuaram significativamente desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Agora estão mais dentro dos patamares que estamos acostumados a ver, diferente do MAP, que segue firme em 560 dólares por tonelada”.
Renata afirma que o produtor segue apostando em queda de preço de MAP, o que pode ser um equívoco, já que não há fatores que deem espaço para novas reduções deste fertilizante.
Ao considerar Rondonópolis, em Mato Grosso, como referência, a relação de troca para este ano é menor: no início de 2023, o produtor necessitava de 16,7 sacas de soja para adquirir uma tonelada de fertilizante, enquanto neste ano iniciou-se com 16 sacas.
“O preço da soja tem caído em proporção maior do que vemos na cesta NPK na região. A tendência é que a relação de troca continue subindo mais um pouco, por isso que o produtor de soja deveria se posicionar e antecipar a compra, mas não é isso que temos visto”.
Comportamento do produtor
Em 2022/23, ciente do confortável estoque de passagem, o produtor deixou para o último momento a aquisição de fertilizantes para a soja, com importação e volumes bem significativos de MAP, fosfatados e de cloreto de potássio.
“O que ouvimos do mercado é que alguns agricultores devem seguir o padrão do ano passado, deixando as compras para o último momento, mas essa pode não ser a decisão mais inteligente porque a tendência é que o preço do grão continue caindo”, informa Renata.
De acordo com a especialista, a tendência é que até o final do primeiro trimestre deste ano o preço do MAP suba, ao menos, 10 dólares por tonelada.