O avanço da atividade sucroalcooleira e a expansão das áreas de produção estão elevando a incidência da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans) em regiões como Mato Grosso do Sul.
O aumento nos surtos desse inseto, que impacta diretamente a produtividade da pecuária, levou a Embrapa a intensificar pesquisas focadas em uma solução que exige a ação coordenada entre usinas, produtores rurais e ciência.
Um levantamento da Embrapa Gado de Corte constatou a gravidade da situação: na década de 2010, os surtos do inseto aumentaram mais de nove vezes em comparação com as quatro décadas anteriores. Embora a ciência ainda não tenha um método de erradicação definitiva, os estudos da Embrapa apontam que o controle eficaz depende fundamentalmente do manejo integrado e da interação constante entre os setores.
O cerne do problema está na reprodução da mosca, que ocorre em matéria orgânica úmida. Com a chegada das chuvas e a entrada da entressafra da cana-de-açúcar, a atenção a essas medidas preventivas se torna ainda mais crucial, pois o aumento da umidade cria o ambiente ideal para a proliferação do inseto.
Ações essenciais para usinas e pecuaristas
O controle da mosca-dos-estábulos só é efetivo quando há disciplina nas práticas de manejo em ambos os lados da cerca.
Para as Usinas
A primeira ação essencial é o monitoramento populacional do inseto na área. A pesquisa da Embrapa é clara ao recomendar:
- Manejo de resíduos: Fazer o manejo adequado da palhada e do solo para reduzir o excesso de umidade, evitando que se tornem grandes criadouros.
- Vinhaça: Garantir o devido armazenamento, distribuição e, principalmente, a aplicação controlada da vinhaça.
Para o Produtor Rural (Pecuarista)
O pecuarista deve seguir à risca um protocolo de ações preventivas para eliminar possíveis focos dentro de sua propriedade:
- Limpeza de Cochos: Reduzir e eliminar o acúmulo de resíduos em cochos de alimentação e água.
- Armazenamento: Realizar a limpeza minuciosa de áreas de armazenamento de suplementos alimentares.
- Eliminação de Matéria Orgânica: Eliminar qualquer fonte de matéria orgânica acumulada e úmida que possa servir de criadouro para a mosca.
O controle da mosca-dos-estábulos é, portanto, uma questão de responsabilidade mútua. O produtor deve entender que a proteção do seu rebanho passa também pela interação constante com as usinas da região, buscando estratégias de manejo conjunto.
O impacto da mosca-dos-estábulos na produtividade
O impacto do inseto na lucratividade da fazenda é significativo. Embora não haja uma solução definitiva, a disciplina no manejo é o caminho para mitigar os danos.
A mosca-dos-estábulos causa grande estresse e desconforto aos bovinos através de suas picadas dolorosas. Esse estresse leva à redução do tempo de pastejo, o que tem um efeito direto e negativo no ganho de peso do gado. O animal, incomodado, passa a buscar refúgio em vez de se alimentar, prejudicando seu desenvolvimento.
Neste cenário, a limpeza e a eliminação de resíduos orgânicos são as ferramentas mais poderosas do pecuarista para quebrar o ciclo de vida do inseto e proteger a produção.
Ao seguir as recomendações da Embrapa, o produtor não apenas protege sua propriedade, mas contribui para uma solução regional do problema. A união entre ciência, indústria sucroalcooleira e pecuária é fundamental para garantir a saúde animal e a sustentabilidade da produção brasileira.