O mercado internacional de cacau deve entrar em 2025 com um cenário mais equilibrado. Após dois anos marcados por limitações de oferta e preços elevados, as projeções indicam recuperação parcial da produção e menor pressão da demanda.
Segundo o Relatório de Mercado do Cacau da Hedgepoint, a safra 2025/26 pode registrar superávit próximo de 305 mil toneladas. O movimento resulta do maior volume ofertado e da desaceleração do consumo nas principais regiões compradoras.
Oferta recupera ritmo, mas estoques seguem baixos
A analista de inteligência de mercado da Hedgepoint, Carolina França, afirma que a oferta global mostra sinais de retomada. A Costa do Marfim consegue reduzir atrasos nas entregas, enquanto Gana mantém produção sob risco por causa de doenças em lavouras envelhecidas.
O Equador se destaca como principal vetor de crescimento. Projetado para alcançar cerca de 570 mil toneladas na temporada, o país segue apoiado por clima favorável e investimentos constantes.
Mesmo com essa recomposição, os estoques mundiais permanecem abaixo da média histórica. A combinação de reservas reduzidas e fatores climáticos mantém a volatilidade elevada no curto prazo.
Demanda desacelera em regiões-chave
A demanda global apresenta movimentos distintos entre os grandes polos consumidores. A União Europeia registrou queda nas importações e na moagem, reflexo de preços altos e menor apetite da indústria.
Na Ásia, a retração foi ainda mais acentuada, puxada principalmente pela Malásia. A América do Norte seguiu na direção contrária, com aumento das importações líquidas — especialmente de amêndoas.
Segundo França, a retirada de tarifas dos Estados Unidos para produtos do Equador deve alterar parte dos fluxos comerciais, reforçando mudanças já observadas no mercado.
Contexto macroeconômico reduz riscos externos
O ambiente global também oferece algum alívio aos agentes do mercado. O Banco Central Europeu manteve as taxas de juros estáveis pela terceira reunião consecutiva. Além disso, o cessar-fogo em Gaza e a redução das tensões tarifárias entre Estados Unidos e China diminuíram incertezas geopolíticas.
Nos EUA, a analista aponta que, apesar da cautela com dados de inflação e emprego, não há sinais de pressões adicionais. Esse quadro reforça a expectativa de estabilidade monetária no curto prazo.
Com oferta em recuperação, demanda enfraquecida e menor risco externo, o setor entra na safra 2025/26 em fase de ajuste. Ainda assim, a volatilidade deve continuar presente, influenciada pelo clima, pela logística e pelo comportamento das economias centrais.








