As geadas que atingiram diferentes regiões do Brasil nos últimos dias prejudicaram muitas lavouras de milho safrinha. Para os pecuaristas, o cenário é preocupante — mas nem tudo está perdido. Quer transformar um problema em solução e garantir o cocho do seu rebanho? Assista ao vídeo abaixo e veja as orientações!
Mesmo com a lavoura danificada, é possível transformar o milho queimado em silagem de qualidade, garantindo alimentação para o rebanho e evitando desperdícios.
No programa Giro do Boi, o zootecnista Edson Poppi, especialista em silagem há mais de 40 anos, explicou como aproveitar o milho atingido pelo frio extremo.
Ele destacou que, com planejamento e técnicas adequadas, a silagem pode manter o valor nutricional necessário para atravessar o período seco.
Silagem de milho geado: o que avaliar no campo

O primeiro passo é identificar em qual estágio de desenvolvimento a planta foi afetada pela geada. Esse detalhe é essencial para definir o momento certo da ensilagem.
- Milho muito novo (estágio de boneca): se o milho ainda estiver em fase inicial, com espigas pequenas, o ideal é aguardar entre 8 a 10 dias e monitorar a matéria seca da planta. A silagem só deve ser feita quando esse índice atingir cerca de 25%, ponto que garante boa fermentação.
- Milho mais maduro (ponto de pamonha em diante): nesse caso, a ensilagem pode ser realizada imediatamente após a geada, desde que o manejo de corte, picagem e armazenamento seja adequado.
Segundo Poppi, o tamanho da partícula também influencia na qualidade final. Em lavouras com alta umidade, o ideal é picar o material em partículas de 2 cm ou mais, o que facilita a compactação e o processo fermentativo no silo.
Inoculante: o segredo para a silagem não perder qualidade


Outro ponto essencial é o uso de inoculantes bacterianos, especialmente em situações de estresse da planta, como após geadas. Edson Poppi foi enfático: “O inoculante não é opcional, é obrigatório”.
Esses aditivos contêm bactérias benéficas que promovem a fermentação eficiente, reduzem o pH do material rapidamente e impedem a proliferação de fungos e leveduras. Isso resulta em uma silagem mais estável e com maior valor nutricional.
Ou seja, ao usar o inoculante corretamente, mesmo o milho comprometido pelo frio pode resultar em um alimento de alta qualidade para o rebanho, garantindo bom desempenho animal.
Vantagens de ensilar milho geado
Transformar milho queimado pela geada em silagem é uma decisão estratégica, que proporciona:
- Redução de perdas na lavoura
- Aproveitamento de matéria-prima já disponível
- Segurança alimentar para o rebanho na seca
- Menor custo em comparação à compra de volumosos prontos
- Estabilidade no planejamento nutricional da fazenda
Além disso, essa prática demonstra resiliência e inteligência de manejo, características cada vez mais valorizadas na pecuária moderna.
Não jogue milho fora: transforme desafio em oportunidade
Mesmo diante das perdas provocadas pela geada, a lavoura pode continuar rendendo bons frutos, desde que o produtor atue com informação, técnica e agilidade.
A experiência de especialistas como Edson Poppi reforça que a silagem é mais do que uma alternativa emergencial: é uma ferramenta de gestão eficiente para enfrentar períodos adversos com menos impacto na produção e no bolso.
Com atenção ao estágio da planta, uso correto de inoculantes e manejo adequado, o milho queimado pela geada pode virar silagem de excelência, assegurando produtividade e rentabilidade mesmo em tempos difíceis.