quarta-feira, 16 de julho de 2025

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Frigoríficos em MS e GO paralisam produção de carne bovina por tarifaço de Trump

A decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de aplicar uma tarifa adicional de 50% sobre produtos agropecuários brasileiros já provoca efeitos diretos em estados com forte presença na exportação de carne bovina, como Mato Grosso do Sul e Goiás.

Em Mato Grosso do Sul, quatro frigoríficos suspenderam temporariamente a produção de carne bovina destinada aos Estados Unidos. A informação foi confirmada nesta terça-feira (15) pelo secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Jaime Verruck, que classificou a situação como preocupante.

Segundo o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do estado, a medida é uma resposta logística para evitar o acúmulo de estoques que não poderão ser escoados ao mercado norte-americano.

A carne bovina desossada e congelada representa 45,2% das exportações de Mato Grosso do Sul em 2025. Ainda que os EUA representem 7% do total das exportações do estado, eles concentram 15% das vendas externas de carne bovina sul-mato-grossense — um mercado considerado de alto valor agregado.

“Estamos suspendendo abates voltados ao mercado americano. Os frigoríficos já têm produto estocado e enfrentam dificuldades para redirecionar os embarques a curto prazo”, destacou Verruck. Ele também alertou para o risco de uma queda no preço da arroba do boi, caso o excesso de carne seja desviado ao mercado interno.

Situação semelhante ocorre em Goiás, onde 25% das exportações de carne bovina têm os Estados Unidos como destino, atrás apenas da China. De acordo com nota da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do estado (Seapa), frigoríficos goianos também suspenderam parte das remessas aos EUA.

Para o governo goiano, o impacto vai além dos exportadores diretos. Com a sobrecarga de proteína animal sendo direcionada a outros mercados, inclusive o interno, há um risco de desequilíbrio nos preços, tanto para frigoríficos quanto para pecuaristas. Além disso, a nota da Seapa alerta que o aumento na oferta de carne pressiona também os grãos usados na alimentação animal.

Na tentativa de mitigar os impactos, o governo de Goiás tem intensificado as relações internacionais, com destaque para a missão ao Japão em andamento, além de diálogos com outros países.

Para ambos os estados, a medida anunciada por Trump impõe um desafio logístico e econômico imediato. E acende o sinal de alerta no agronegócio brasileiro, um dos setores mais afetados pelo novo “tarifaço”.

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