A CNN Brasil realizou na noite da última segunda-feira (8), em São Paulo, a edição especial do CNN Talks – “Potência Verde”, que reuniu lideranças dos setores público e privado para discutir agricultura regenerativa, bioenergia e clima.
O diálogo cobriu temas que estarão em foco na cúpula mundial do clima e teve como objetivo fomentar o debate sobre soluções sustentáveis para o agronegócio.
Produção, preservação e os “novos refugiados”
No painel inicial, Izabella Teixeira reforçou a importância da agricultura tropical como ferramenta de combate às mudanças climáticas.
“A agricultura é a solução para essa agenda, não o problema, como alguns insistem em dizer. O setor agro tem uma grande responsabilidade para a transformação da economia global, tendo a natureza como uma grande aliada […]”.
Ela complementa dizendo que a agricultura tropical do Brasil é um ativo, servindo como exemplo para redução de emissões e ressalta também a importância de superar o obstáculo da conciliação entre produção e preservação no país.
A ex-ministra do Meio Ambiente destacou ainda as expectativas para os avanços que podem ser promovidos a partir da COP30, que acontecerá em novembro, em Belém.
“Essa COP vai expor a necessidade de se olhar para os refugiados climáticos. Na agenda, a questão social também é indispensável. É preciso ter uma sinergia de visões sobre os vários “Brasis” que existem hoje, para entender como as plataformas de ESG podem colaborar com as mudanças, especialmente no aspecto social”, reforçou.
Bons indicadores ofuscados pelo desmatamento
Para João Paulo Capobianco, Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Brasil segue sendo uma “potência verde”, mas que perde visibilidade pela alta reincidência de desmatamento.
“Mesmo que tenhamos reduzido o nível em todos os biomas, incluindo o Cerrado, que muitos consideravam ser impossível, o desmatamento segue elevado, comprometendo a visão do mundo sobre os bons indicadores que temos no cenário internacional […]”.
O secretário também acredita que um dos caminhos é continuar investindo em uma agenda que inclua os produtores rurais, tendo em vista a remuneração para o sequestro de carbono.
Eletrificação de veículos e uso do etanol
Durante discussão focada na transição energética, João Irineu Medeiros, executivo da Stellantis, reforçou que o cenário em que carros elétricos compartilham espaço com veículos movidos a etanol pode ser a melhor alternativa na jornada da descarbonização.
“Precisamos ampliar a visão sobre combustível renovável. Hoje, mais de 30% da frota brasileira roda com etanol, que equivale aos veículos elétricos quando falamos de emissões de carbono”, disse.
Cesar Barros, CEO e presidente do Centro de Tecnologia Canavieira, destacou como a eficiência na produção da cana-de-açúcar pode colaborar e gerar oportunidades neste trabalho.
“A cana pode ser ainda mais explorada do que é hoje, colaborando para a criação de uma cultura produtiva mais resiliente e que tolere as mudanças no clima. É factível multiplicar a produtividade sem aumentar a área cultivada da cana-de-açúcar”, salientou.
Sob supervisão de Victor Faverin