sábado, 13 de setembro de 2025

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Estudo mostra que 75% das culturas agrícolas dependem de animais polinizadores

A coexistência entre animais polinizadores e agricultura beneficia ambos. Os polinizadores (abelhas, borboletas, besouros e aves) são essenciais para a reprodução e podem elevar a produtividade de muitas culturas agrícolas.

Segundo o pesquisador João Vitor Ganem Barateiro, doutor em Entomologia, estudos científicos indicam que 87% das plantas com flores dependem de polinizadores animais e que cerca de 75% das culturas agrícolas cultivadas pelo ser humano são diretamente beneficiadas pela polinização.

Agricultura e polinizadores

De acordo com ele, quando a agricultura adota Boas Práticas Agrícolas (BPAs), incluindo o manejo responsável de defensivos, cria condições favoráveis para que os polinizadores encontrem alimento (néctar e pólen) e abrigo, fortalecendo essa relação de cooperação.

Barateiro destaca que a apicultura e a meliponicultura reforçam ainda mais essa conexão. Isso porque além de contribuírem para a polinização, geram renda, trabalho e empreendedorismo para comunidades rurais, por meio da produção de mel e outros derivados de alto valor nutricional e medicinal.

Segundo o pesquisador, um exemplo inspirador é a Associação de Apicultura do Vale do Capão, na Bahia, pioneira no estado a conquistar a certificação orgânica, abrindo portas para mercados especializados.

Importância das abelhas no ecossistema

Entre todos os polinizadores, as abelhas são as mais representativas, atuando tanto em ambientes agrícolas quanto naturais. Assim, elas contribuem não só para o aumento da produtividade e da qualidade das colheitas, mas também para serviços ecossistêmicos fundamentais, como a conservação da biodiversidade, a promoção da saúde do solo e o sequestro de carbono, resultado da sua interação com as plantas.

“O polinizador dentro de um sistema de cultivo, como as abelhas, desempenha um papel fundamental pensando em questões econômicas e sociais, beneficiando toda a cadeia de produção e de preservação”, destaca.

Barateiro lembra que práticas como o aluguel de colmeias já se consolidaram como estratégia de incremento de produtividade em culturas totalmente dependentes da polinização, como a maçã em Santa Catarina e o melão no Rio Grande do Norte e Ceará.

Além disso, o Brasil possui uma rica diversidade de abelhas nativas, adaptadas às condições locais, que ampliam a eficiência da polinização em diferentes culturas.

Desafios e ameaças aos polinizadores

Apesar de sua relevância, as abelhas enfrentam diversas ameaças ambientais, incluindo a degradação de habitats, doenças, uso inadequado de defensivos e os efeitos das mudanças climáticas. Nesse cenário, agricultores, apicultores, meliponicultores e demais agentes do setor desempenham papel decisivo na sua proteção.

O pesquisador reforça que a convivência equilibrada entre agricultura e polinizadores depende da adoção de práticas que aliem produtividade e conservação ambiental.

No meio de todos esses desafios, a convivência harmônica depende, diretamente, da adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPAs), que incluem o uso responsável das tecnologias disponíveis.

Tais técnicas asseguram ganhos de produtividade, reduzem custos e preservam os recursos naturais para as futuras gerações.

Instituições como a Embrapa e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) oferecem cursos e manuais de referência que orientam produtores sobre manejo adequado, destacando cuidados necessários para proteger tanto os cultivos quanto os polinizadores.

Como reforça Barateiro, compreender a biologia dos insetos e a fisiologia das plantas é essencial. Além disso, manter diálogo com vizinhos sobre o manejo das lavouras ajuda a prevenir riscos e preservar colmeias próximas.

Inovação e sustentabilidade

A agricultura tem intensificado esforços para reduzir riscos aos polinizadores por meio de soluções inovadoras.

O melhoramento genético, a biotecnologia e os bioinsumos vêm possibilitando o desenvolvimento de culturas mais resilientes, que demandam menos pulverizações e expansão de áreas, diminuindo os impactos sobre os insetos.

Paralelamente, a agricultura digital inaugura uma nova era de sustentabilidade, integrando sensores, robótica, automação e análise de dados.

O pesquisador ressalta que tecnologias como drones e sensores remotos permitem monitoramento contínuo das lavouras, enquanto dados de alta precisão ajudam a definir áreas de conservação para polinizadores. Essas inovações não apenas aumentam a proteção desses insetos, mas também fortalecem a biodiversidade e promovem o uso mais racional da terra.

Entre as boas práticas agrícolas, Barateiro cita o uso correto de defensivos agrícolas que, antes de serem aprovados, já passam por rigorosa avaliação regulatória. “Quando usados de forma correta, conforme orientações em rótulos, bulas e receita agronômica oferecem proteção aos cultivos com segurança para polinizadores e seres humanos. O uso inadequado, por outro lado, representa riscos graves ao meio ambiente”, contextualiza.

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