terça-feira, 1 de abril de 2025

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Estudo da Embrapa revela 60 novas espécies de insetos que podem proteger cultivos e biomas

Uma pesquisa liderada pela Embrapa, em parceria com cientistas internacionais, revelou a existência de 60 novas espécies de psilídeos em diferentes biomas brasileiros, como Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Os resultados foram publicados na revista científica Zootaxa e reforçam a importância da conservação da biodiversidade em regiões sob crescente pressão ambiental.

Os psilídeos, também conhecidos como “piolhos-de-planta saltadores”, desempenham funções ecológicas relevantes, como interação com plantas hospedeiras e, em alguns casos, controle biológico de espécies vegetais invasoras. Outras espécies são potenciais indicadoras de qualidade ambiental ou podem ser classificadas como ameaçadas de extinção.

A pesquisa foi desenvolvida ao longo de mais de uma década e utilizou amostras coletadas em cerca de 50 unidades de conservação brasileiras. As expedições ocorreram entre 2011 e 2021 em 15 estados, com uso de sequenciamento genético e análise morfológica detalhada dos insetos. A equipe descreveu uma nova espécie do gênero Klyveria e outras 59 do gênero Melanastera, ampliando a diversidade conhecida do grupo no continente sul-americano.

“Cada nova espécie descoberta é uma peça fundamental para entendermos os ecossistemas e protegermos nosso patrimônio natural”, afirma Dalva Queiroz, pesquisadora da Embrapa Florestas e coordenadora do projeto.

Segundo ela, a perda acelerada de vegetação nativa aumenta o risco de extinção de espécies ainda não catalogadas. “Ambientes em risco podem abrigar um número ainda maior de espécies desconhecidas. Mapear e descrever essa diversidade é fundamental para que possamos entendê-la e conservá-la”, afirma.

Além da contribuição científica, a pesquisa resultou na criação de três novas coleções científicas de psilídeos no Brasil. Os acervos estão localizados no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), na Embrapa Amazônia Ocidental (AM) e no Museu de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Essas coleções servirão como base para futuros estudos e ações de preservação.

Os psilídeos também têm importância agrícola, sendo alguns deles considerados pragas por atuarem como vetores de doenças em plantas cultivadas. Ao mesmo tempo, determinadas espécies podem ser utilizadas no combate a plantas exóticas. Um dos exemplos citados é a Melanastera smithi, testada no controle biológico de Miconia calvescens, planta invasora no Havaí.

“O conhecimento sobre esses insetos é essencial para o manejo agrícola e a proteção de cultivos”, pontua Queiroz. “Eles interagem com inúmeras plantas e podem, em alguns casos, atuar como pragas agrícolas ou vetores de patógenos.”

A estimativa dos pesquisadores é que o número de espécies brasileiras de psilídeos supere mil, o que indica um potencial inexplorado para novos estudos. “Ao descrever 60 novas espécies de psilídeos, este estudo mostra apenas a ponta do iceberg”, avalia Daniel Burckhardt, um dos autores da publicação. “A conservação dessas áreas é crucial, pois muitas espécies podem desaparecer antes mesmo de serem conhecidas pela ciência”, alerta.

O estudo integra um projeto iniciado em 2012, fruto de parceria entre a Embrapa e o Museu de História Natural de Basel, na Suíça, e foi assinado pelos pesquisadores Liliya Š. Serbina, Igor Malenovský, Dalva L. Queiroz e Daniel Burckhardt.

Com base nas descobertas, os cientistas reforçam a importância de investimentos contínuos em pesquisa e conservação da fauna, especialmente em um cenário de crescente degradação ambiental em diversos biomas brasileiros.

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