sábado, 23 de novembro de 2024
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Enem: entidades do agronegócio pedem anulação de questões

Uma das primeiras manifestações veio da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), que reúne pecuaristas e a indústria da carne no estado.

A entidade considerou “totalmente inaceitável elaborar questões que não têm o propósito de avaliar conhecimento, mas sim de acusar, sem fundamentos, toda a agropecuária nacional”.

O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) também se manifestou, por nota, declarando que considera a apresentação de questões que se concentram unilateralmente em críticas sobre um tópico tão complexo como a atividade agropecuária no país como, no mínimo, prejudicial à nação.

Em nota, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou que vai mobilizar outras entidades setoriais, universidades, pesquisadores e educadores para propor a atualização do conceito de agronegócio no banco de questões utilizado na elaboração das provas do Enem e demais materiais didáticos distribuídos pelo governo federal.

“Mais do mais do que anular as questões, o MEC precisa esclarecer à sociedade como pretende interromper esse ciclo de desinformação”, diz a entidade.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB), em nota, escreveu que os avanços tecnológicos do agro brasileiro são um fato comprovado pelas maiores universidades do Brasil. “O agronegócio brasileiro vem reduzindo impactos ambientais, disseminando práticas sustentáveis e garantindo alimentos, emprego e renda para nossa população”, afirmou a entidade.

“Entendemos que a prova do Enem é um espaço para avaliar o conhecimento dos nossos alunos e deve estar desconectado do viés ideológico de determinados grupos”, complementou.

O Sindicato Rural de Ribeirão Preto também se posicionou, por meio de carta endereçada aos organizadores do exame.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) publicou nota lamentando que a prova do Enem “tenha sido usada com viés ideológico contra o agronegócio”.

De acordo com a nota, a prova promoveu um ataque ao sistema de agricultura aplicado pelo agronegócio brasileiro, acusando o setor sem nenhum fundamento científico.

“Estamos abertos para debater os temas citados no Enem, desmistificando essas inverdades e pautando os assuntos com embasamento científico e nos resultados de pesquisas sérias feitas por grandes instituições brasileiras”, afirma no texto o vice-presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

Questões polêmicas do Enem que envolvem o agronegócio, segundo entidades

Os parlamentares pedem a anulação das questões 70, 71 e 89, que tratam de temas relacionados a desmatamento, populações indígenas e agronegócio.

  • A questão 89 abordou fatores negativos do agronegócio no Cerrado, mencionando, por exemplo, a “superexploração dos trabalhadores” e as “chuvas de veneno” (uma referência ao uso de agrotóxicos).
  • Já a questão 71 trata da nova corrida espacial financiada por bilionários, discutindo as perspectivas que ela aponta.
  • A questão 70 tem como mote o avanço da cultura da soja e o desmatamento na Amazônia.

Sem resposta do governo federal

Até o momento, o Ministério da Educação e o Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que organiza o exame, não respondeu nenhuma das criticas apontadas pelas entidades do agronegócio.

As questões Enem são elaborados por especialistas selecionados por meio de chamada pública. Eles devem seguir a matriz de referência, guia de elaboração e revisão de itens estabelecidos pelo Inep.

Após escritos, os itens passam, então, por revisores e depois por especialistas do Inep.

Finalmente, os itens são pré-testados em aplicações feitas em escolas pelo país. O processo é sigiloso e os estudantes não sabem que estão respondendo a possíveis questões do Enem. Com a aplicação, avalia-se a dificuldade, o grau de discriminação e a probabilidade de acerto ao acaso da questão. Os itens aprovados passam a compor o BNI, que fica disponível para aplicações futuras do Enem.



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