terça-feira, 23 de setembro de 2025

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Descartar novilhas imaturas na 1ª cria é a melhor opção? Veja a opinião de especialista

A gestão de rebanho na pecuária de corte é um desafio constante, e uma das decisões mais cruciais para a rentabilidade da fazenda é a seleção das matrizes. 

Quando o assunto é novilha de primeira cria, a pergunta que muitos pecuaristas se fazem é: vale a pena manter um animal que não demonstrou boa habilidade materna ou a melhor opção é descartá-lo? Segundo o zootecnista Ricardo Abreu, a resposta é categórica: o descarte é a decisão mais estratégica e lucrativa. Veja o vídeo abaixo.

Ao programa Giro do Boi desta segunda-feira (22), Abreu afirmou que a habilidade materna, definida pela capacidade de uma fêmea criar um bezerro com alto peso à desmama, é uma característica de forte herança genética e, por isso, dificilmente melhora de forma significativa ao longo das gestações.

Insistir em uma novilha que teve dificuldade para criar seu primeiro bezerro é uma aposta arriscada, que pode comprometer a eficiência de todo o rebanho.

A importância do descarte estratégico

Manter uma novilha de primeira cria com baixa produtividade é, na prática, manter um animal que consome recursos sem gerar o retorno esperado. Ela ocupa espaço no pasto, demanda suplementação e manejo, mas não entrega o resultado financeiro necessário, que se traduz em um bezerro pesado e de qualidade. Essa ineficiência prejudica a margem de lucro e a sustentabilidade do negócio.

A habilidade materna é uma característica decisiva em todas as categorias de fêmeas do rebanho, seja ela novilha (primípara), vaca secundípara ou multípara. Em qualquer cenário, a fêmea que consistentemente produz um bezerro mais pesado está comprovando a sua capacidade produtiva. Esse é um indicativo claro de que ela possui a genética desejada e deve ser mantida.

Para otimizar a genética do seu rebanho e aprimorar a habilidade materna, Ricardo Abreu, especialista no assunto, recomenda o investimento em melhoramento genético. Na hora de selecionar touros para a estação de monta, é fundamental buscar por DEPs (Diferença Esperada na Progênie) que indiquem uma alta Habilidade Materna à Desmama, representada pela sigla DEP HD. Esse índice é crucial para garantir que as futuras crias herdem essa característica valiosa.

Ferramentas como o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos) da ABCZ são essenciais para auxiliar nessas decisões. Eles fornecem dados confiáveis sobre o desempenho genético de touros e matrizes, permitindo que o pecuarista tome decisões baseadas em ciência e estratégia, não apenas na intuição.

Descarte não é prejuízo, é receita

A decisão de descartar uma novilha de primeira cria que não cumpriu sua missão produtiva é mais do que se livrar de um animal improdutivo; é uma ferramenta para gerar receita. Ao vender essa fêmea, o pecuarista transforma um custo em capital, que pode ser reinvestido na compra de novas matrizes de maior qualidade ou em genética superior. Esse movimento estratégico eleva a média de produtividade do rebanho e potencializa os lucros.

Para o especialista, o critério de descarte para novilhas de primeira cria deve ser rigoroso. Uma matriz só deve ser mantida se atender a dois requisitos: ter produzido um bezerro de alta qualidade e ter emprenhado novamente dentro da estação de monta. Se ela não atingir esses objetivos, a decisão mais acertada é descartá-la.

O sucesso na pecuária moderna está diretamente ligado ao planejamento e ao conhecimento do seu rebanho. Saber quais animais geram lucro e quais não, e agir de forma estratégica, é o que separa um negócio rentável de um que apenas sobrevive. Investir em genética de ponta e em programas de melhoramento é um passo fundamental para construir um rebanho mais produtivo, lucrativo e resiliente.

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