Pecuaristas, a busca por uma produção de alimentos mais sustentável e com menor impacto ambiental tem um novo e poderoso aliado: a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Um estudo inédito, conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Embrapa e de uma multinacional, revelou que o uso da IATF pode reduzir a pegada de carbono na pecuária de corte em até 49% e na produção de leite em 37% quando comparada à monta natural. Assista ao vídeo abaixo.
Nesta quarta-feira (6), o programa Giro do Boi entrevistou Manoel Sá Filho, gerente de Corte da Alta, que falou ao vivo de Tatuí, no estado de São Paulo.
Ele destacou que a IATF é uma tecnologia estratégica para impulsionar uma produção mais eficiente e com menor impacto ambiental, alinhando produtividade com sustentabilidade.
Com o maior rebanho comercial do mundo (estimado em 234,67 milhões de bovinos), o Brasil precisa aumentar a produção de alimentos de forma sustentável para atender à demanda crescente.
Segundo Manoel Sá Filho, a IATF atua nesse desafio ao melhorar a eficiência reprodutiva e a genética dos animais, otimizando o uso das pastagens.
Cerca de 70% das pastagens brasileiras são ocupadas por vacas de cria de baixa eficiência produtiva. Com a IATF, o pecuarista consegue:
- Produzir mais na mesma área: Ou até reduzir a área ocupada, o que é fundamental para a preservação ambiental.
- Aumentar a produtividade: Com o nascimento de bezerros mais cedo, resultando em um ciclo mais curto e mais rentável.
- Diminuir as emissões: A IATF permite produzir mais quilos de alimento com menor impacto, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa por quilo de carne ou leite produzido.
A pecuária responde por apenas 5% das emissões globais, e tecnologias como a IATF reforçam o compromisso do setor com práticas mais sustentáveis, algo cada vez mais valorizado em toda a cadeia produtiva, do campo à mesa do consumidor.
Resultados práticos da pesquisa
O estudo mostrou resultados impressionantes, que reforçam a IATF como uma ferramenta de sustentabilidade:
- Pecuária de leite: Em 595 mil vacas em lactação, o uso da IATF aumentou a produção em 36%. A pegada de carbono por quilo de leite produzido caiu de 1,44 para 1,06 kg CO2eq. Esse ganho está ligado à redução da idade ao primeiro parto e do intervalo entre partos, além dos avanços genéticos que a IATF proporciona.
- Pecuária de corte: Em 4 milhões de vacas sincronizadas, a produção cresceu 27%. A pegada de carbono por quilo de peso vivo caiu de 41,46 para 27,91 kg CO2eq. Isso se deve à redução da idade ao primeiro parto (de 48 para 24 meses), ao aumento na taxa de desmame (de 60% para 80%) e aos ganhos de peso nos bezerros.
A IATF oferece um “benefício duplo”: melhora o melhoramento genético com o uso de touros selecionados e aumenta a fertilidade e a produtividade das vacas, acelerando o progresso do rebanho como um todo.