O preço do leite segue em queda no Rio Grande do Sul. Em outubro, o valor de referência pago ao produtor ficou em R$ 2,21 por litro, uma redução de 4% em relação ao mês anterior. Em meio à crise e ao forte endividamento no campo, o governo gaúcho lançou um programa de subvenção financeira para apoiar agricultores familiares da cadeia leiteira. No entanto, produtores afirmam que o acesso ao crédito continua sendo um dos principais obstáculos.
Bônus Mais Leite
O programa Bônus Mais Leite tem como objetivo qualificar e fortalecer a produção de leite dentro da agricultura familiar. O governo vai destinar R$ 10 milhões em subvenções para operações contratadas pelo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
Podem participar produtores que:
- vendem leite cru para indústrias, cooperativas ou queijarias;
- possuem agroindústria própria legalizada;
- têm o CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar) ativo.
Segundo Jonas Wesz, chefe da divisão de sistemas produtivos da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR/RS), o processo envolve assistência técnica, enquadramento prévio e contratação bancária.
“O programa funciona para novos financiamentos. O produtor elabora o projeto de crédito com assistência técnica pública ou privada, solicita o enquadramento pela secretaria e, após a aprovação, segue para o banco para contratar o Pronaf normalmente”, explica Wesz.
Cada unidade familiar poderá contratar uma operação de custeio e uma de investimento por CAF.
Como funcionam os bônus
Custeio
Bônus: 25% do valor financiado
Limite de subvenção: até R$ 5.000
Itens financiáveis: produção de alimentos para animais, compra de insumos, ração e sanidade animal.
Investimento
Bônus: 25% do valor financiado
Limite de subvenção: até R$ 25.000
Itens financiáveis: irrigação, armazenagem de água, manejo de solo, máquinas, sala de ordenha e equipamentos.
Endividamento trava acesso a crédito
Apesar do incentivo, muitos produtores relatam que não conseguem acessar o plano safra por causa do alto nível de endividamento, o que, por consequência, também limita a entrada no Bônus Mais Leite.
“Cada mês temos baixa. Não temos um valor mínimo que regula. Os investimentos estão ali, mas a gente não consegue pagar. E ainda tem as importações de leite que vêm de fora”, afirma o produtor Carlos Prediger.
“Tentamos manter a atividade, mas é difícil. Altos investimentos, pouco retorno. É uma cadeia que não é valorizada”, diz Jean Prediger.
Êxodo de produtores preocupa o RS
O Rio Grande do Sul vive uma das maiores crises da história da cadeia leiteira. Em dez anos, o número de produtores caiu de 84 mil para apenas 28 mil, segundo dados do setor. Entre os motivos estão:
- custo elevado de produção;
- preço baixo pago pelo litro;
- aumento das importações;
- forte endividamento;
- falta de previsibilidade de renda.
A meta do governo estadual é que o programa alcance pelo menos 2.800 produtores.








