São Paulo recebeu nesta segunda-feira (11) a 24ª edição do Congresso Brasileiro do Agronegócio, um dos principais eventos do setor, organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) em parceria com a B3.
Com o tema “Agroalianças”, a programação reuniu milhares de profissionais, autoridades e lideranças para debater soluções e desafios estratégicos do agro no cenário global.
União estratégica para enfrentar desafios
Na abertura, o presidente da Abag, Caio Carvalho, reforçou que parcerias estratégicas são essenciais para o futuro do setor.
“As agroalianças são um fato real no setor privado, entre empresas e países que têm o mesmo objetivo: segurança alimentar e transição energética”, afirmou.
Carvalho destacou que, diante das mudanças climáticas e da necessidade de ampliar a oferta de alimentos, o financiamento privado terá papel cada vez mais relevante. O evento contou com a presença dos governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG).
Agenda ambiental e financiamento
O vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Arnaldo Jardim, defendeu uma postura proativa do agro na pauta ambiental.
“Temos que mostrar as nossas virtudes e não nos colocarmos como contrários ao meio ambiente”, disse.
Jardim também ressaltou a importância de fortalecer instrumentos de financiamento como Fiagro e LCAs, para complementar o Plano Safra, garantindo competitividade além da porteira, com investimentos em logística, portos, escoamento e armazenagem.
Documento para a COP30
Durante a solenidade, foi apresentado o documento “Agronegócio frente às mudanças climáticas”, posicionamento oficial do setor para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém. A proposta inclui métricas para contabilizar o carbono retido no solo e reforça o papel do agro como parte da solução para a redução de emissões.
“O agro tem potencial de reduzir emissões em grande volume. Estamos apenas começando a discutir e precisamos incorporar métricas sobre o carbono no solo”, destacou Caio Carvalho.
Geopolítica e diálogo internacional
O ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, alertou para a importância de alianças estratégicas e cautela nas relações internacionais.
“O Brasil não precisa e não deve escolher lados. Pior, não pode permitir que outros decidam de que lado ele está”, afirmou.
Ele ressaltou que o posicionamento do país deve ser transmitido por meio de ações e gestos, sem prejudicar sua flexibilidade no cenário global.
Inovação e diversificação
No painel “Alimentos, Energia e Inovação”, líderes como Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, apontaram a diversificação como estratégia para enfrentar oscilações no mercado de commodities, crises sanitárias e barreiras comerciais.
“Temos que reforçar ainda mais essa plataforma, diante dos desafios geopolíticos e tarifários”, disse Tomazoni.
Com discussões que integraram sustentabilidade, inovação e geopolítica, o Congresso reafirmou que as “agroalianças” podem ser o diferencial para manter o Brasil na liderança do agronegócio mundial.