Uma das capitais mais urbanas do mundo foi palco da 17ª edição do Congresso de Marketing do Agro, promovido pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA). Nesta quinta-feira (18), lideranças e especialistas se reuniram em São Paulo em prol de um objetivo comum: comunicar, e com excelência, o papel do agronegócio brasileiro para o mundo.
Em destaque, esteve a aplicação do marketing na evolução do setor. Logo na abertura, o público pôde acompanhar uma verdadeira aula de como comunicar o agro. Autoridades do setor compartilharam experiências que mostram como a comunicação é estratégica para enfrentar crises, projetar o setor e consolidar a imagem do Brasil como potência agroalimentar.
Comunicação na prática
Um dos exemplos citado no congresso foi o enfrentamento da gripe aviária no Brasil. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, ressaltou que a resposta à crise só foi possível porque havia um plano de comunicação sólido.
“A grande maioria dos problemas foi superada porque nos preparamos antes, com uma estratégia integrada entre técnica, comercial e imprensa. Quando a doença chegou, já tínhamos mensagens claras e consistentes para transmitir”, disse.
Ele lembrou que vídeos gravados anos antes e a atuação coordenada de porta-vozes ajudaram a evitar pânico e a manter a confiança do mercado. “Desde o primeiro momento, reforçamos que a gripe aviária não se transmite pelo consumo de carne de frango. Essa comunicação manteve o mercado sólido e preservou 4 milhões de empregos na cadeia produtiva”, destacou.
O Brasil como líder global
Roberto Rodrigues, professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), reforçou que o Brasil tem uma oportunidade única de ampliar a produção de alimentos, gerar energia renovável e criar empregos, tudo ao mesmo tempo. Nesse sentido, ele ressaltou a importância de valorizar a experiência nacional em agricultura tropical.
“Temos a experiência da agricultura tropical, capaz de garantir segurança alimentar e contribuir para a paz mundial. Mas, para isso, é preciso comunicar com mais intensidade o que fazemos: uma agricultura competitiva, eficiente e sustentável”, afirmou.
Segundo Rodrigues, o país já enfrenta campanhas de desinformação contra o agro e defendeu uma estratégia firme de comunicação. “Alguém perde mercado quando o Brasil cresce. E quem perde, reage com narrativas contra nós. Só há uma forma de responder: mostrar a verdade. Se soubermos comunicar, podemos nos tornar campeões mundiais da paz”, disse.
Agro como protagonista
O presidente da ABMRA, Ricardo Nicodemos, destacou que o propósito da entidade é ajudar todo o ecossistema do agro a se comunicar melhor, tanto com o produtor rural quanto com a sociedade. Ele citou iniciativas como o projeto Conexões, que aproxima a associação de diferentes entidades do setor, e o Marca Agro do Brasil, criado para valorizar a imagem do campo no país e no exterior.
Além disso, Nicodemos falou sobre o trabalho de meses na preparação do congresso e agradeceu o apoio de parceiros, conselheiros e entidades do setor. Para ele, a edição deste ano reforça que o agro brasileiro tem cada vez mais condições de assumir o protagonismo global. “Quando não contamos a nossa história, alguém conta da forma que achar mais conveniente. Precisamos estar à frente desse processo”, concluiu.