quinta-feira, 17 de julho de 2025

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Confinamento além da nutrição: os vilões que roubam sua produtividade

Confinar gado não é só garantir uma dieta balanceada. Embora a nutrição represente até 90% dos custos, o sucesso da operação vai muito além do cocho. Quem alerta é o zootecnista Rafael Cervieri, doutor em Nutrição Animal, em entrevista ao Giro do Boi nesta quinta-feira (17). Assista ao vídeo abaixo e confira.

Direto de São José do Rio Preto (SP), Cervieri destacou que o confinamento brasileiro evoluiu rapidamente, mas ainda comete falhas básicas que drenam produtividade.

São os chamados “drenos invisíveis”, que afetam diretamente o desempenho dos animais, mesmo com a ração ideal.

Os principais drenos de produtividade no confinamento

Confinamento de bovinos de corte da JBS em Guaiçara (SP). Foto: Reprodução/Giro do Boi
Confinamento de bovinos de corte da JBS em Guaiçara (SP). Foto: Reprodução/Giro do Boi

O Brasil avançou na nutrição, mas ainda precisa olhar com atenção para estrutura, rotina e bem-estar animal. Segundo Cervieri, países como Estados Unidos e Austrália já superaram essas barreiras e colhem resultados melhores com técnicas mais completas.

Confira os principais pontos de atenção destacados pelo especialista:

Estrutura física influencia no desempenho

Vista aréa do confinamento de bovinos de corte da Captar Agrobusiness em Luis Eduardo Magalhães (BA). Foto: Divulgação/Captar AgrobusinessVista aréa do confinamento de bovinos de corte da Captar Agrobusiness em Luis Eduardo Magalhães (BA). Foto: Divulgação/Captar Agrobusiness
Vista aréa do confinamento de bovinos de corte da Captar Agrobusiness em Luis Eduardo Magalhães (BA). Foto: Divulgação/Captar Agrobusiness
  • Localização e declive do confinamento afetam o escoamento de água e o conforto térmico.
  • Cochos mal dimensionados (menos de 30 cm ou mais de 40 cm por cabeça) podem reduzir o ganho médio diário (GMD).
  • Acesso à água deve ser constante e sem obstáculos.
  • A limpeza das baias entre lotes é essencial, principalmente na chuva, para evitar lama, doenças e desconforto.

Rotina bem feita é meio caminho andado

Peões na fazenda. Foto: DivulgaçãoPeões na fazenda. Foto: Divulgação
Peões na fazenda. Foto: Divulgação
  • Frequência de trato de 3 a 5 vezes ao dia funciona bem, desde que com leitura de cocho eficiente.
  • A leitura de cocho define o manejo do dia e deve ser feita por alguém treinado para entender as sobras e o comportamento dos animais.
  • Aclimatação nos primeiros 15 a 20 dias é decisiva para que o gado consuma mais matéria seca e se adapte ao novo ambiente.
  • Constância na rotina e nas dietas evita estresse e melhora o desempenho. Bovinos gostam de previsibilidade.

Saúde e bem-estar fazem diferença no lucro

Foto: Reprodução
  • A ronda sanitária diária evita perdas silenciosas. Doenças subclínicas reduzem o desempenho sem dar sinais visíveis.
  • A homogeneidade dos lotes evita brigas e comportamentos de estresse, como sodomia.
  • Sombreamento é essencial no verão e pode render até 8 kg a mais de carcaça por animal.

Confinamento o ano todo exige ainda mais atenção

Bovino de corte em confinamento. Foto: Reprodução/Giro do BoiBovino de corte em confinamento. Foto: Reprodução/Giro do Boi
Bovino de corte em confinamento. Foto: Reprodução/Giro do Boi

Expandir o confinamento para além do período seco impõe desafios extras, como lidar com chuvas e variações climáticas. Nessa fase, a infraestrutura e o manejo ganham ainda mais importância.

Segundo Cervieri, a operação em maior escala permite:

  • Equipe mais especializada
  • Melhor poder de compra de insumos
  • Uso de softwares de gestão
  • Maior controle dos processos

A chave, segundo ele, é a excelência com constância. “Com processos bem padronizados, o produtor rural está preparado para o que vier do mercado”, afirma o especialista.

Em um cenário de margens apertadas e volatilidade econômica, cada detalhe faz a diferença. O confinamento eficiente exige mais que uma boa dieta: pede atenção diária, planejamento e um olho clínico para o que parece invisível, mas impacta direto no bolso do pecuarista.

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