O Brasil segue como principal fornecedor de soja para a China e, em um mercado cada vez mais competitivo, produtores precisam investir em eficiência e inovação para manter a liderança. A força da produção é evidente: entre janeiro e abril de 2025, foram exportadas 37,4 milhões de toneladas, um crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No entanto, um levantamento da ConectarAGRO com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) revela um desafio: apenas 33,1% das áreas de cultivo de soja no país contam com cobertura de internet móvel 4G ou 5G.
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Essa limitação tecnológica é um gargalo evidente para um setor que depende cada vez mais de dados, automação e decisões em tempo real. A pesquisa revela que as regiões Sul e Sudeste são as mais conectadas, com destaque para Paraná (72%) e São Paulo (68,8%), onde o digital já avança com força, integrando sensores, drones e máquinas automatizadas às rotinas do campo.
Mas o panorama muda radicalmente quando se olha para as novas fronteiras agrícolas. No Norte e no Matopiba a cobertura ainda é escassa, em muitos casos inferior a 15%. Municípios inteiros com milhares de hectares cultivados, como Fernando Falcão (MA) e Novo Acordo (TO), registram conectividade praticamente nula nas lavouras.
Mesmo estados com forte presença no agronegócio, como Mato Grosso e Goiás, enfrentam desafios: apenas 18% e 23% de cobertura, respectivamente. Mato Grosso do Sul tem 19,8%, enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentam 58,7% e 46% de áreas cobertas.
Limites à internet
A falta de conexão não é só uma questão técnica: é um obstáculo à inclusão digital do produtor rural, especialmente dos pequenos e médios. Com acesso limitado à internet, eles não conseguem adotar ferramentas que melhoram o manejo, aumentam a produtividade e reduzem perdas.
De acordo com o estudo, municípios como Pitangueiras (PR), Bernardino de Campos (SP) e Nova Boa Vista (RS) já atingiram 100% de cobertura nas áreas de soja, o que demonstra que é possível, e urgente, levar conectividade a outras regiões.
A conectividade rural tem impacto direto na competitividade do Brasil. Só entre janeiro e abril de 2025, o país exportou 37,4 milhões de toneladas de soja, um aumento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em abril, foram embarcadas 15,3 milhões de toneladas, o segundo maior volume mensal da história.
Além da balança comercial, a soja tem papel essencial no mercado interno: o setor saltou de 214 mil para 479 mil empregos diretos entre 2012 e 2023, segundo o Cepea/USP, e a tendência é que o número aumente com a expansão da agricultura digital, desde que a infraestrutura acompanhe.