A produção brasileira de café atinge uma colheita de 55,1 milhões de sacas beneficiadas, um crescimento de 8,2% em relação ao ciclo de 2022, como mostra o 4º Levantamento da de Café 2023. Divulgado nesta quinta-feira (14) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o boletim mostra que o incremento é influenciado pela recuperação da produtividade, em torno de 6,3%, chegando a 29,4 sacas colhidas por hectare. Aliado a isso, a estatal verificou uma elevação de 1,8% na área em produção, chegando a 1,87 milhão de hectares. Já a área em formação teve uma queda de 9,5%, sendo estimada em 361,6 mil hectares.
O volume colhido é o terceiro maior da série histórica e acontece mesmo este sendo um ano de bienalidade negativa, uma vez que a temporada de 2022 teve seu desempenho influenciado por condições climáticas adversas ao longo do desenvolvimento da cultura. Se o atual resultado for comparado com o ano de 2021, último de bienalidade negativa, a alta chega a 15,4%.
O bom resultado é reflexo da recuperação da produção das lavouras de café arábica, que representa 70,7% do volume total de café produzido no país. Com produção de 38,9 milhões de sacas, crescimento de 18,9% sobre a safra anterior, esta espécie apresenta incremento de 2,3% na área em produção, aliado ao ganho estimado em 16,2% na produtividade, ocasionado pelas condições climáticas mais favoráveis em relação às últimas duas safras.
Apenas em Minas Gerais, principal estado produtor de café, o volume a ser colhido é de aproximadamente 29 milhões de sacas, aumento de 32,1% em comparação ao volume total colhido na safra anterior. Mesmo com os efeitos da bienalidade negativa sobre muitas das regiões produtoras, o desempenho das lavouras apresenta um crescimento de 24,2% na produtividade. Outro importante produtor de arábica, São Paulo produzirá 5,03 milhões de sacas, alta de 14,7% se comparado ao volume obtido em 2022. No Paraná, o incremento na produtividade chega a 51,5% com produção estimada em 718,5 mil sacas. Já na Bahia, foram verificados os efeitos da bienalidade negativa nos parques cafeeiros desta espécie, com uma queda de 12,8% na colheita, chegando a 1,1 milhão de sacas.
Conilon
Se o arábica registra alta na produção, para o conilon é esperada uma queda de 11,2% em relação à safra passada. A colheita estimada pela Conab chega a 16,17 milhões de sacas. Mesmo com a redução confirmada, esta é a terceira maior colheita registrada para a espécie. Esse resultado é reflexo da menor produtividade verificada, influenciada pelas condições climáticas adversas registradas no principal estado produtor, Espírito Santo, que impactou parte das lavouras, principalmente em fases iniciais do ciclo.
No estado capixaba, a colheita está estimada em cerca de 13 milhões de sacas no total, sendo 10,16 milhões de sacas apenas de conilon. Segundo maior produtor de café conilon no país, em Rondônia a produção chega a 3,04 milhões de sacas, alta de 8,6% em comparação à safra passada. Resultado favorecido pelo ganho de 16,4% na produtividade, estimulada pelas condições climáticas favoráveis, à entrada de novas áreas em produção, com clones com maior potencial produtivo, melhor manejo das culturas e à maioria das lavouras estarem equipadas com dispositivos para irrigação.
Mercado
No acumulado de janeiro a novembro deste ano as exportações brasileiras de café foram de 34,9 milhões de sacas de 60 quilos, segundo os dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O volume representa uma redução de 4,1% na comparação com igual período do ano passado, queda influenciada pela restrição dos estoques no início deste ano.
O aumento da produção na atual safra possibilitou tanto a recuperação na oferta interna quanto nas vendas ao mercado internacional. No entanto, os embarques do grão cresceram de modo mais significativo somente a partir de agosto deste ano, após a colheita da maior parte da safra. A expectativa é que a exportação de café ao final deste ano se aproxime do volume total embarcado em 2022.
No que se refere à arrecadação, também foi verificada uma queda com as vendas ao mercado externo. De janeiro a novembro de 2023, o Brasil exportou US$ 7,2 bilhões, o que representa uma baixa de 14,5% na comparação com igual período do ano passado. Ainda assim, os preços internacionais seguem em patamares atrativos, valorização sustentada pelo cenário de restrição dos estoques na safra 2023/24, em razão da limitação da produção global nos dois ciclos anteriores; combinado com o aumento do consumo global do produto, previsto em 170,2 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa novo recorde e um aumento de 1,2% na comparação com o ciclo anterior.
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