Com foco em contribuir para o crescimento da produção agrícola no oeste da Bahia, uma delegação brasileira esteve na Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, onde debateu soluções e trocou experiências com ênfase na sustentabilidade e no uso responsável e compartilhado dos recursos hídricos.
A comitiva contou com a participação da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), de representantes dos governos federal e estadual, além de entidades do setor agropecuário.
Entre os dias 28 de abril e 1º de maio, a delegação participou da Water for Food Global Conference, realizada em Lincoln, na Universidade de Nebraska — instituição parceira do estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), por demanda dos produtores do cerrado baiano, por meio da Aiba e da Abapa.
Além das duas entidades, a missão técnica contou com a presença de representantes do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional e da Embrapa. A programação incluiu encontros com pesquisadores e produtores locais.
Estudo hídrico
A região oeste da Bahia é uma das mais dinâmicas fronteiras agrícolas do mundo, com cerca de 2,3 milhões de hectares dedicados à agricultura, sendo mais de 300 mil hectares irrigados. Para sustentar esse crescimento, foi encomendado um estudo robusto, liderado pela Aiba e pela Abapa, com o objetivo de garantir a segurança hídrica e promover o desenvolvimento sustentável.
Desde 2017, os Estudos do Potencial Hídrico da Região Oeste da Bahia vêm sendo conduzidos com o apoio do governo do estado, por meio das secretarias de Meio Ambiente (Sema), Infraestrutura Hídrica (SIHS) e Agricultura (Seagri), além do Inema.
A pesquisa envolve modelagem da disponibilidade hídrica superficial e subterrânea, análise do uso do solo e da irrigação nos últimos 30 anos, além da criação de sistemas online para visualização e análise de dados. O estudo mapeia a disponibilidade dos recursos do Aquífero Urucuia e das águas superficiais das bacias hidrográficas dos rios Grande, Corrente e Carinhanha.
De acordo com o vice-presidente da Abapa, Douglas Orth, apresentar o caso de sucesso em gestão de recursos hídricos no oeste da Bahia e trocar experiências com pesquisadores norte-americanos foi fundamental para abrir horizontes e ampliar as perspectivas de uso sustentável da água, garantindo a viabilidade da atividade agrícola a longo prazo.
“Apresentamos um estudo que mostra que o nosso aquífero tem características muito parecidas com o de Nebraska. Isso permite que ferramentas aplicadas lá possam ser adaptadas à nossa realidade”, explicou.
A Universidade de Nebraska é considerada referência global em gestão integrada de recursos hídricos, especialmente por meio do Daugherty Water for Food Institute (DWFI), voltado à segurança hídrica e alimentar.
“É uma região considerada o berço da irrigação, com dados históricos de mais de 130 anos e monitoramento sistemático da água, iniciado em 1972. O uso é controlado coletivamente, com divisão por regiões e sistemas próprios de controle. Participar do evento foi uma grande lição sobre o impacto do planejamento no aumento da produtividade”, pontuou Orth.
O estudo também se destaca pela construção de processos de governança hídrica, reunindo produtores, gestores públicos, comitês de bacias, associações e centros de pesquisa em uma abordagem integrada e participativa. “Precisamos valorizar mais o que fazemos. O setor agrícola brasileiro é referência mundial e temos que mostrar isso com orgulho”, concluiu.