terça-feira, 15 de julho de 2025

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Carne, café e manga: agro expõe prejuízos com taxa dos EUA, mas pede que ainda não haja retaliação

Em reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin nesta terça-feira (15), porta-vozes de entidades representativas do agronegócio reforçaram a necessidade de o Brasil agir de forma diplomática para suspender ou adiar as tarifas de exportação de 50% anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que passam a vigorar em 1 de agosto.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, destacou em coletiva de imprensa após o encontro que os frigoríficos brasileiros estão parando de produzir carne destinada aos norte-americanos, visto que os embarques do setor ao país já são taxados em 36% e uma sobretaxa de 50% tornaria as negociações entre os dois países inviável.

“Cerca de 30 mil toneladas de carne brasileira já estão no porto ou já nas águas em direção aos Estados Unidos, o que representa um total de 150 milhões de dólares a caminho dos Estados Unidos. Estamos negociando com os importadores de lá. Nossa sugestão inicial é de possível prorrogação da taxação porque existem contratos em andamento e não dá tempo de desfazê-los até o dia 1 de agosto [data em que a tarifa começa a valer].”

Perosa ressaltou que a produção de carne nos EUA se encontra, atualmente, em seu menor estágio nos últimos 80 anos e a proteína brasileira complementa esse “vácuo”, sendo que o produto nacional, notadamente recortes do dianteiro do boi, é utilizado para a fabricação de hambúrguer, produto enraizado na cultura norte-americana.

Impactos no café da manhã dos EUA

O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcio Ferreira, também presente na coletiva, destacou que o Brasil exportou 8,2 milhões de sacas do produto aos Estados Unidos em 2024.

“O Brasil fornece 33% de todo o café consumido em solo norte-americano. O café brasileiro, tanto arábica quanto robusta, é o mais competitivo e possui as características de sabor que o público dos Estados Unidos já está acostumado, que aprova.”

Ems eguida, o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, forneceu números que mostram a importância dos Estados Unidos ao setor: 40% das exportações de suco de laranja brasileiro têm o mercado norte-americano como destino. Em termos de receita, esse volume representa cerca de US$ 1,3 bilhões.

“Setenta por cento do suco consumido nos Estados Unidos vem do Brasil. […] Ainda temos tempo para negociar, mas o setor está muito preocupado. A safra está no começo, iniciou em junho e vai até janeiro de 2026. Temos uma safra inteira para ser colhida sem saber se o nosso maior mercado estará disponível ou não porque a tarifa de 50% associada aos 415 dólares por tonelada que o setor já paga, inclusive mais do que os seus principais concorrentes, certamente inviabiliza [negócios entre os dois países].”

Por fim, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e (Abrafrutas), Guilherme Coelho, informou um problema mais pontual: a exportação de manga aos EUA.

“O Vale do São Francisco, que produz 90% de toda a manga do Brasil, está em pânico porque não sabemos o que fazer. Essa safra significa 2,5 mil contêineres de manga para os Estados Unidos. Foi uma safra planejada há seis meses, como todo ano fazemos. […] isso engloba os pequenos, médios e grandes produtores de manga. […] não podemos pegar essa manga e desaguar na Europa porque o preço vai desabar, não tem logística para isso. Não podemos também colocar essa manga no Brasil porque vai colapsar o mercado.”

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