A escolha do capim ideal é um ponto de partida fundamental para a rentabilidade da pecuária, mas a decisão não deve se restringir apenas à textura do solo.
A dúvida sobre qual capim plantar em solo argiloso é comum, mas, segundo o engenheiro agrônomo Marcius Gracco, da Intensifique Consultoria, o fator mais importante para uma escolha acertada é o manejo proposto para a pastagem. Confira o vídeo.
Antigamente, algumas espécies, como a Tanzânia, eram frequentemente evitadas em solos argilosos devido ao risco de acúmulo de água e consequente problemas com fungos.
No entanto, o avanço da genética e as novas cultivares no mercado apresentam melhor sanidade, tornando a textura do solo um fator secundário na decisão estratégica.
A regra essencial para a escolha da forrageira deve ser a intensidade de produção que o pecuarista pretende aplicar. A decisão deve ser baseada no nível de investimento e na estratégia de pastejo, desde a alta lotação até o pastejo contínuo.
Para determinar o capim mais adequado, o produtor deve definir qual será o nível de investimento e intensificação no pasto, priorizando sempre a eficiência produtiva:
Alta lotação e intensificação
Se o objetivo é um sistema de alta produtividade, com investimento em piqueteamento, correção e adubação intensa, o foco deve ser nas espécies do gênero Panicum.
- Exemplos: Mombaça, Zuri ou Massai.
- Vantagem: possuem o maior potencial de produtividade.
- Exigência: são as forrageiras mais exigentes em fertilidade do solo e manejo.
Pastejo contínuo e baixa intensidade
Se o sistema de produção for baseado no pastejo contínuo, com pouca ou nenhuma adubação, as espécies mais indicadas são as Braquiárias.
- Exemplos: Piatã ou Marandu.
- Vantagem: são mais “elásticas”, menos exigentes em manejo e requerem um pouco menos de fertilidade do solo.
Adaptação climática e recuperação de áreas
Além do manejo, a adaptação climática da região deve ser uma consideração crucial. Em áreas sujeitas a longos períodos de estiagem, por exemplo, o pecuarista deve buscar forrageiras com maior resistência à seca, como Paiaguás ou o próprio Massai.
Para situações em que não há condições de fazer a correção do solo, como em áreas degradadas ou juquiradas, o agrônomo recomenda o uso de espécies do tipo Humidícola. Este material é menos exigente em fertilidade inicial, embora ainda necessite de um manejo adequado, como o pastejo rotacionado, para evitar o pisoteio excessivo e a degradação.
Em resumo, a chave para o sucesso é o planejamento: o pecuarista deve focar no manejo que será proposto para a sua fazenda para, então, escolher o capim que melhor se alinhará à sua estratégia de produção e, consequentemente, à rentabilidade do seu negócio.