quarta-feira, 6 de agosto de 2025

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Café, carne, frutas, pescado e mel são os mais atingidos por tarifaço que começa a valer nesta quarta

A tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras determinada por Donald Trump começa a ser cobrada a partir desta quarta-feira (6). Todos os itens que não estão incluídos na lista de exceções passam a ter a taxação adicional de 40% que se soma com a de 10%. No entanto, alguns produtos da pauta de exportações brasileiras para os EUA serão mais afetadas pela taxação. Entre eles estão o café, carne, frutas, pescados e mel.

Café

Os EUA são o maior comprador de café do brasileiro e o Brasil é responsável por cerca de 30% das importações de café verde norte-americanas. Por conta desses números, analistas do mercado avaliam que apesar de ter ficado fora da lista de quase 700 exceções, o café deve ficar isento da taxa de 50% em breve.

“O fato de o café não ter entrado na lista causou muita surpresa, porque não faz sentido dentro do atual cenário. O principal prejudicado com a imposição da tarifa é o consumidor norte-americano. O Brasil representa cerca de 30% das importações de café verde pelos Estados Unidos. Ou seja, o impacto é significativo. É o maior fornecedor, e essa substituição por outro país não pode ser feita rapidamente, ao menos não com o mesmo volume que o Brasil exporta. Diante disso, existe uma perspectiva concreta de que, nas próximas semanas, o café passe a integrar a lista de exceções”, afirma Gil Barabacque, analista de mercado da Safras & Mercado

Carne

O Brasil tem nos EUA o segundo maior comprador de carne bovina. De acordo com números de entidades do setor, 12% das exportações brasileira de carne vão para os norte-americanos. O tarifaço pode fazer que o setor deixe ganhar US$ 1 bilhão.

Apesar do impacto financeiro da medida, analistas preveem que o setor conseguirá redirecionar com certa facilidade as exportações de carne para outros mercados.

“Na prática, com uma tarifa de 50%, o que temos é quase um embargo. Fica inviável competir com esse custo. E o mercado reage muito mais às expectativas do que aos fatos em si. Esse clima de insegurança faz o comprador pressionar o preço para baixo. O primeiro impacto foi aqui mesmo, no mercado interno, afetando os pecuaristas, não o consumidor final. De todo modo, apenas 2% da carne brasileira é exportada para os Estados Unidos. Por isso, redirecionar esse volume para outros países será uma tarefa relativamente simples.”, Alcides Torres, analista de mercado e diretor da Scot Consultoria

A taxação da carne também deve pressionar os preços lá nos EUA, já que o país tem um dos seus menos rebanhos da história. “A série histórica do USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos] mostra que os Estados Unidos têm o menor rebanho bovino em meio século. Atualmente, são em torno de 95 milhões de cabeças. A título de comparação, o Brasil possui mais de 220 milhões de cabeças de gado”, afirma Giovani Ferreira, diretor do Canal Rural Sul.

Frutas

O setor de frutas também ficou de fora das exceções e a taxação deve ter um grande impacto para exportadores de manga e uva. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), 77 mil toneladas de frutas teriam como destino os EUA.

“A gente tem nos Estados Unidos uma safra com vários países que participam, então é uma safra compacta, com duração de três meses, período em que chegamos a enviar 2.500 contêineres, mais ou menos 12 milhões de caixas”, diz Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas.

Caso o setor não consiga ser incluído na lista de exceções, será necessário ajuda do governo federal e estados. Uma das possibilidades discutidas é a compra das frutas para distribuir na merenda escolar.

“Se não conseguirmos exportar, podemos redirecionar essas frutas para o mercado interno. Em parceria com prefeituras e governos estaduais, elas poderiam ser usadas na merenda escolar, por exemplo. O importante é evitar que se percam. Nossa maior dor é ver alimento sendo desperdiçado enquanto milhões de pessoas passam fome”, diz Coelho

Pescado e mel

Os EUA são os principais compradores da tilápia brasileira e por isso o setor vê como crucial que o Brasil consiga negociar a inclusão do peixe na lista de exceções.

“Os Estados Unidos são o maior importador de filé de tilápia do mundo e, neste momento, não tem outro país para suprir a demanda de filé fresco. O maior fornecedor de filé congelado para os Estados Unidos é a China, assim, a negociação do governo americano com a China será crucial para o nosso negócio”, diz a nota da Associação Brasileira de Pisicultura (Peixe Br).

O setor de mel também está apreensivo com o tarifaço, já que os mais atingidos serão os pequenos produtores . De acordo com o Grupo Somar, que reúne empresas produtoras de mel do Nordeste, a renda de 40 mil famílias podem ser prejudicadas com a medida.

“As medidas são extremamente negativas para o Brasil. A sobretaxa de 50% praticamente nos retira do mercado. Embora o país tenha outros destinos, não há dúvidas de que o mercado americano é o mais importante. Ele representa 85% das nossas exportações de mel e é um dos maiores importadores do mundo”, afirma Samuel Araujo, CEO do Grupo Sama.

Para o setor, é fundamental que o plano de contingência, que está sendo elaborado pelo governo federal, seja colocado em prática o quanto antes.

“Precisamos de uma intervenção rápida. Já enfrentamos um fluxo de caixa apertado desde a pandemia, com baixa produtividade e preços desfavoráveis. Por isso, é urgente a liberação de créditos, como os de PIS, Cofins e ICMS, que podem ser acelerados sem uso de recursos do próprio estado”, afirma Araujo.

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