O abate de bovinos segue aquecido no Brasil e deve ultrapassar 40 milhões de cabeças em 2025. No ano passado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total foi de 39,7 milhões de cabeças, o maior resultado na série histórica. Em meio a esse cenário, o país também vive um momento positivo nas exportações de carne bovina.
Segundo Fernando Iglesias, coordenador de mercados da consultoria Safras & Mercado, o desempenho expressivo dos embarques contribui para a perspectiva de alta nos preços do boi gordo no último bimestre. “Isso é resultado do bom desempenho das exportações e do aquecimento do mercado interno, abrindo um leque maior de possibilidades em relação a reajustes”, diz.
No entanto, o analista pondera que apesar dos preços elevados, o aumento da oferta vai limitar valorizações mais contundentes. “Devemos ver valores mais altos, sim, mas sem explosão. Nada muito além do que já observamos hoje”, complementa.
Dependência chinesa: vantagem ou risco?
As exportações para a China continuam fortes em outubro, com o país asiático na liderança das compras da carne bovina brasileira. Se por um lado esse mercado tem sido um fator de sustentação nos preços, por outro, abre espaço para preocupações caso os chineses diminuam o ritmo.
Nesse sentido, o especialista lembra que a China investiga os impactos da importação de carne na produção local. “Essa apuração se arrasta desde o fim do ano passado, e o governo chinês deve divulgar o resultado em novembro”, explica. Segundo ele, o país pode impor cotas de importação ou aumentar tarifas contra a carne brasileira e outros grandes fornecedores.
Porém, essa não seria a primeira vez na história recente em que os chineses interrompem o fluxo de compras do Brasil. “Em 2023, após um caso suspeito de mal da vaca louca, houve queda de cerca de 30% nos abates”, afirma Iglesias.
Oferta maior e preços altos: o que fazer?
Na avaliação do analista, 2025 traz lições importantes para o pecuarista brasileiro. De acordo com ele, a principal delas é a necessidade de adotar ferramentas modernas de gestão de risco e de preço.
“Operações de hedge, por exemplo, são essenciais para garantir rentabilidade mesmo em anos desafiadores, com muita oferta. São instrumentos imprescindíveis para manter margens positivas e prosperar em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo”, completa.