sexta-feira, 4 de julho de 2025

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Banho de imersão: vale a pena usar contra o carrapato bovino?

Com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre o controle desse vilão que é o carrapato bovino, o quadro “Giro do Boi Responde” ouviu o médico-veterinário e consultor Guilherme Vieira, que explicou detalhes sobre uma técnica clássica, mas cada vez mais rara: o banho de imersão. Quer saber se essa técnica ainda é viável? Clique no vídeo e acompanhe as valiosas dicas do especialista!

Na lida diária do campo, poucos problemas causam tanta dor de cabeça quanto o carrapato bovino, o Rhipicephalus microplus.

O parasita compromete a saúde do rebanho e o bolso do produtor, reduzindo o ganho de peso, a produção de leite e até a fertilidade dos animais. 

O tema ganhou força após o pecuarista Gilberto Junior, de Juazeiro do Norte (CE), questionar a eficácia da prática. A resposta é direta: o banho de imersão funciona, mas está em desuso devido aos riscos e à evolução dos métodos disponíveis.

Como funciona o banho de imersão?

Bovino em banho de imersão contra parasitos. Foto: Divulgação
Bovino em banho de imersão contra parasitos. Foto: Divulgação

O banho de imersão consiste em um grande tanque ou fosso com calda carrapaticida. Os animais passam por dentro desse “piscinão”, se molham por completo e, assim, o produto entra em contato com todo o corpo do bovino.

Essa técnica já foi muito utilizada nas décadas de 1970 e 1980, especialmente no Sul do Brasil. Na época, ela se destacava pela eficiência no controle do carrapato, mas enfrentava vários desafios:

  • Contaminação da calda: fezes, barro e sujeiras trazidas pelos animais reduziam rapidamente a eficácia do produto.
  • Falta de troca da solução: o ideal seria renovar a calda a cada 20 ou 30 animais, mas isso raramente era feito corretamente.
  • Riscos para o gado: casos de afogamento e pisoteamento eram comuns, especialmente com bezerros ou animais mais assustados.

Por essas razões, a técnica perdeu espaço para métodos mais práticos e seguros.

Métodos modernos: por que o banho caiu em desuso?

Hoje, os produtos pour-on e os endectocidas são os queridinhos dos pecuaristas. Eles permitem um controle mais eficiente e com menor risco.

O pour-on, por exemplo, é aplicado no dorso do animal, com fácil absorção e boa eficácia. Já os endectocidas combatem parasitas internos e externos, com aplicação injetável ou oral.

Esses métodos exigem menos infraestrutura, evitam o estresse nos animais e são mais seguros para o manejo, tanto do ponto de vista sanitário quanto ambiental.

Dicas para evitar resistência aos carrapaticidas

Aplicação de pour on em bovinos de corte. Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Vieira
Aplicação de pour on em bovinos de corte. Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Vieira
Aplicação de pour on em bovinos de corte. Foto: Arquivo pessoal/Guilherme Vieira

Mesmo com tantos avanços, o carrapato segue desafiador. Um dos principais problemas é a resistência aos produtos químicos, causada principalmente pelo uso incorreto. Para evitar isso, o veterinário Guilherme Vieira recomenda:

  1. Rodízio de princípios ativos: não repita o mesmo tipo de produto várias vezes seguidas.
  2. Siga sempre a dose recomendada: usar menos do que o indicado pode tornar o produto ineficaz.
  3. Atenção ao intervalo entre aplicações: respeite o tempo sugerido (em média, 21 dias).
  4. Monte um plano de controle com orientação profissional, combinando estratégias como pour-on, aspersão, endectocidas e até controle ambiental nas pastagens.

Estratégia certa protege o rebanho e o bolso

A mensagem final é clara: o banho de imersão já foi útil, mas não é mais a melhor opção.

Com o avanço das tecnologias e o conhecimento sobre o comportamento dos parasitas, hoje é possível montar planos de controle integrados, que protegem o rebanho e aumentam a produtividade.

Produtor atento é aquele que busca informação, como fez Gilberto Junior, e que adapta seu manejo com o apoio técnico certo. Assim, o carrapato pode até continuar sendo um desafio, mas nunca será um obstáculo intransponível.

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