A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) se manifestou contra a decisão da multinacional Danone de deixar de adquirir soja brasileira para seus produtos, sob a alegação de que o cultivo nacional não atende à legislação ambiental europeia.
A Aprosoja classificou a ação da empresa como discriminatória e punitiva, destacando que as restrições alegadas pela Danone ainda não têm força legal, pois dependem da aprovação do Parlamento Europeu, o que deve adiar a vigência da norma em mais um ano.
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Para a associação, o boicote já causa prejuízos à cadeia produtiva brasileira, e o governo federal deveria considerar medidas de compensação. Uma das propostas sugeridas inclui notificar formalmente a União Europeia sobre o impacto dessa decisão para que a legislação europeia seja revista. Caso o pedido seja ignorado, o Brasil poderia, segundo a Aprosoja, buscar compensação financeira junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Produção sustentável: uma resposta brasileira
A Aprosoja destacou ainda o que considera uma falha de entendimento por parte da Danone e de outras empresas internacionais em relação aos métodos sustentáveis empregados no Brasil. A associação afirma que o país caminha para o desmatamento líquido zero, equilibrando desmatamento com regeneração natural.
Segundo a Aprosoja, o Código Florestal Brasileiro obriga os produtores de soja a preservar de 20% a 80% de sua área como Reserva Legal, além de Áreas de Preservação Permanente em margens de rios e encostas, o que difere significativamente de países como a França.
“A verdade é que os produtores de soja no Brasil são os únicos no mundo que investem na preservação ambiental com recursos próprios, uma vez que deixam de plantar nas áreas preservadas para isso”, destaca a associação, acrescentando que o país é reconhecido pela produção agrícola sustentável e de alta qualidade, oferecendo soja com maior teor de óleo e proteína, ideal para formulações alimentares.
Possível retaliação dos produtores
A Aprosoja também questiona a Danone sobre onde a empresa encontrará soja com um perfil ambiental mais sustentável que o brasileiro e aponta que, caso as atitudes discriminatórias continuem, os próprios produtores rurais brasileiros podem considerar um boicote às marcas estrangeiras que criticam a produção nacional.
“Produtores cansados de serem injustamente acusados de destruir o meio ambiente podem, futuramente, colocar a Danone e outras empresas na lista de boicote”, finaliza a Aprosoja.