A economia brasileira cresceu 3% em 2023, impulsionada pelo forte desempenho do setor agropecuário, de acordo com a prévia do PIB divulgada nesta segunda-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O setor agropecuário, que representa 6% do PIB do país, teve um salto de 15,8% no ano passado, o que representou 30% do crescimento total do PIB.
A soja foi o principal destaque do setor, com um aumento de 25,3% na produção. A região Centro-Sul do país se destacou na produção da oleaginosa.
“Esse contexto mostra forte concentração setorial e regional e evidencia que o crescimento econômico não foi sentido de modo uniforme no país”, pondera a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece.
Ainda segundo a pesquisadora, “o efeito do excelente desempenho agropecuário no ano se estendeu para outras atividades econômicas, o que potencializou sua influência na economia”.
Outro fator que contribuiu para o crescimento do PIB foram as exportações, com alta de 9,5% no ano passado.
O principal destaque foram as vendas para outros países de produtos agropecuários, que cresceram 25,3% no ano. Produtos da indústria extrativa mineral, como minério de ferro e petróleo, também tiveram desempenho expressivo no ano, com alta de 16,7%.
Setores
O setor de serviços apresentou alta de 2,5% em 2023, em um desempenho considerado “crescimento generalizado”. Já a indústria brasileira terminou o ano com alta de 1,4%.
O Monitor do PIB estima que o consumo das famílias cresceu 3,2% no ano passado. Dentro desse segmento, se destacam positivamente os setores de serviços e de produtos não duráveis (itens de consumo imediato ou com pouco tempo de duração). Em valores monetários, o consumo das famílias ficou em R$ 6,9 trilhões, o maior já registrado.
Desaceleração
De acordo com o Ibre, a economia teve desempenho positivo de 0,6% em dezembro ante o mês anterior e de 2,1% em relação a dezembro de 2022. Em janela de tempo trimestral, a atividade econômica no quarto trimestre apresentou alta de 0,1% na comparação com o terceiro trimestre e de 2,3% diante do quatro trimestre de 2022.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, o último trimestre do ano passado ficou marcado por uma “clara tendência de desaceleração”, porém, segundo ela, o resultado mostra resiliência da economia apesar das fragilidades de um crescimento anual concentrado e bastante influenciado por commodities (matérias primas com preços ditados pelo mercado internacional).