A imposição de tarifas comerciais entre Estados Unidos e China tende a inviabilizar o comércio entre as duas potências. Com isso, as exportações brasileiras de soja e carne bovina e suína devem ganhar mercado, mas outras commodities também podem sair vencedoras.
Na opinião do analista de mercado Carlos Cogo, o algodão e o café nacionais serão beneficiados com a continuidade do cenário de tensão capitaneado por Donald Trump e Xi Jinping, o que traz a oportunidade para o produtor avançar na comercialização antecipada.
Segundo Cogo, observa-se elevação dos preços da soja, com prêmios igualmente em alta nos portos brasileiros desde a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. “Os prêmios já foram para o campo positivo e estão operando em um viés de alta gradual a partir dos embarques de maio, junho e julho adiante, o que vai sendo incorporado aos preços da soja pagos ao produtor e, consequentemente, também levar à alta dos derivados, como o farelo e o óleo.”
O analista lembra que a elevação do farelo, assim como vem acontecendo com o milho, impacta diretamente os preços da carne no mercado interno, visto que os grãos são utilizados como ração do plantel bovino brasileiro.
Commodities no acordo entre China e EUA
Apesar do ganho de mercado para o Brasil, Cogo ressalta que o produtor rural deve ter em mente que se tratam de ganhos temporários, visto que um acordo comercial entre Estados Unidos e China é dado como certo, ainda que não tenha data para ocorrer.
“Vale a pena olhar para ‘Trump 1’, quando Donald Trump assumiu [a presidência dos EUA] pela primeira vez em 2018, os preços e prêmios subiram, mas quando saiu o acordo comercial [com a China], naquela época chamada de Fase 1, os preços futuros das commodities subiram e os prêmios cederam”, lembra.
O analista considera que o mundo viverá a mesma situação comercial daquela época. “Nos bastidores os departamentos de comércio de ambos os países estão traçando uma negociação para um acordo comercial. E o que os Estados Unidos teriam para oferecer que a China precisa? Grãos, fibras e carnes, assim como ocorreu no acordo anterior [do primeiro mandato de Trump].”
Diante dessa futura realidade – e certa, na opinião de Cogo – os preços futuros ficariam mais fortes pela demanda por commodities norte-americanas, mas, por outro lado, os prêmios nos portos brasileiros podem sofrer quedas acentuadas.
Assim, para o analista, o produtor brasileiro precisa aproveitar o momento para avançar na comercialização futura, principalmente de soja, café e algodão antes que o acordo entre chineses e norte-americanos seja assinado.