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Terminos inacabados-
Episódio 7- O colecionador
Lembrar daquela discussão sobre o livro do Machado de Assis me fez mal. Mas aquilo me trouxe uma certeza, precisava achar a pessoa que parecia ter a carta na qual tudo isso se esclareceria. Será mesmo?
Naquela carta, pelo que sabia, um datiloscrito original do Machado. O motivo de tanta obsessão? Depois escrevo sobre isso.
Estava com muito medo de ir sozinha até o endereço do tal sujeito.
Mas será que eu não estava exagerando? Afanes se referiu como “assustador”, mas imagino que fosse um sinonimo de estranho ou bizarro. Bem, com o endereço na mão eu tentaria ser o mais discreta possível.
Fui de Uber e preferi pagar em dinheiro, estava paranoica e não queria ser rastreada. Mas percebi a ridicula inutilidade do esforço, o mundo todo sabia do meu endereço, R.G., endereço. “Todo anonimato e toda solidão serão castigados” A frase ficou martelando.
No menu do aplicativo (detesto essa palavra) escolhi a opção “sem conversa” coisa que sempre considerei abominável e descortês, e ao chegarmos ao bairro o motorista soltou um
‘ihh’
Eu perguntei algum problema? Ele ignorou obedecendo fielmente minha escolha de “sem conversa”.
Repeti a pergunta e obtive uma resposta lacônica:
‘Já era’
Com toda essa loquacidade fiquei pensando no empobrecimento da lingua e da linguagem.
E nesse momento ele estacionou de forma abrupta e delicamente destravou a minha porta.
“Jerusa, é aqui Rua Oaristo 18.
Cheguei no lendário Cosme Velho e desci do veiculo.
Era um sobrado e a porta de madeira parecia perfurada. Balas? Ao me aproximar parecia que ela havia sido atacada por cupins.
Não havia campainha, resolvi bater com o punho fechado. Duas tres quatro vezes.
Nada.
Havia um silêncio que denotava um lugar semi abandonado. Não sou medrosa, mas comecei a tremer pensando numa enorme teoria conspiratória entre Afanes , Zoilo e seu advogado maléfico.
Me atraíriam para a cena de um crime perfeito?
Voltei-me ao Uber que estava já bem distante no fim daquela rua obliqua.
Foi quando ouvi um barulho pareciam coisas rolando. E ele apareceu abrindo a porta com indignação.
‘Cosa fare? Quem é você? Eu te conheço?’
Sua aparência, sua barba longa, e seu semblante duro, eram de um ermitão, mas ao mesmo tempo usava trajes antigos, mas perfeitamente ajustados.
‘Sr Ernesto. Sou Jerusa. Prazer Afanes me deu seu cartão. E…’
Nem terminei a frase
‘Mentecapto.’
Estou com seu cartão preciso saber se o sr…
‘Andiamo. E deixou a porta aberta para que eu subisse atras dele.
Dificil saber o que é racionalização e o que é intuição.
Minha intuição se chocava contra meu desejo.
Resolvi segui-lo e me ouvia repetindo ‘assustador’
‘Ele é assustador’
Não sei se a casa era assombrada. Eu, pelo menos, estava!
Continua