terça-feira, 15 de abril de 2025

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Términos Inacabados – Episódio 7

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Terminos inacabados-

Episódio 7- O colecionador

Lembrar daquela discussão sobre o livro do Machado de Assis me fez mal. Mas aquilo me trouxe uma certeza, precisava achar a pessoa que parecia ter a carta na qual tudo isso se esclareceria. Será mesmo?

Naquela carta, pelo que sabia, um datiloscrito original do Machado. O motivo de tanta obsessão?  Depois escrevo sobre isso.

Estava com muito medo de ir sozinha até o endereço do tal sujeito.

Mas será que eu não estava exagerando? Afanes se referiu como “assustador”, mas imagino que fosse um sinonimo de estranho ou bizarro. Bem, com o endereço na mão eu tentaria ser o mais discreta possível.

Fui de Uber e preferi pagar em dinheiro, estava paranoica e não queria ser rastreada. Mas percebi a ridicula inutilidade do esforço, o mundo todo sabia do meu endereço, R.G., endereço. “Todo anonimato e toda solidão serão castigados” A frase ficou martelando.

No menu do aplicativo (detesto essa palavra) escolhi a opção “sem conversa” coisa que sempre considerei abominável e descortês, e ao chegarmos ao bairro o motorista soltou um

‘ihh’

Eu perguntei algum problema? Ele ignorou obedecendo fielmente minha escolha de “sem conversa”.

Repeti a pergunta e obtive uma resposta lacônica:

‘Já era’

Com toda essa loquacidade fiquei pensando no empobrecimento da lingua e da linguagem.

E nesse momento ele estacionou de forma abrupta e delicamente destravou a minha porta.

“Jerusa, é aqui Rua Oaristo 18.

 Cheguei no lendário Cosme Velho e desci do veiculo.

Era um sobrado e a porta de madeira parecia perfurada. Balas? Ao me aproximar parecia que ela havia sido atacada por cupins.

Não havia campainha, resolvi bater com o punho fechado. Duas tres quatro vezes.

Nada.

Havia um silêncio que denotava um lugar semi abandonado. Não sou medrosa, mas comecei a tremer pensando numa enorme teoria conspiratória entre Afanes , Zoilo e seu advogado maléfico.

Me atraíriam para a cena de um crime perfeito?

Voltei-me ao Uber que estava já bem distante no fim daquela rua obliqua.

Foi quando ouvi um barulho pareciam coisas rolando. E ele apareceu abrindo a porta com indignação.

‘Cosa fare? Quem é você? Eu te conheço?’

Sua aparência, sua barba longa, e seu semblante duro, eram de um ermitão, mas ao mesmo tempo usava trajes antigos, mas perfeitamente ajustados.

‘Sr Ernesto. Sou Jerusa. Prazer Afanes me deu seu cartão. E…’

Nem terminei a frase

‘Mentecapto.’

Estou com seu cartão preciso saber se o sr…

‘Andiamo. E deixou a porta aberta para que eu subisse atras dele.

Dificil saber o que é racionalização e o que é intuição.

Minha intuição se chocava contra meu desejo.

Resolvi segui-lo e me ouvia repetindo ‘assustador’

‘Ele é assustador’

Não sei se a casa era assombrada. Eu, pelo menos, estava!

Continua

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