A esteatose hepática não alcoólica (EHNA) é uma condição silenciosa e progressiva. Segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, estima-se que entre 20% e 30% da população mundial tenha a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), também conhecida como gordura no fígado ou esteatose hepática. No Brasil, isso representa de 40 a 60 milhões de pessoas afetadas. Embora muitos a descubram acidentalmente em exames de rotina, a doença pode avançar para formas mais graves, como fibrose hepática, cirrose e até câncer de fígado.
Esse distúrbio não afeta apenas a saúde do fígado: está diretamente ligado à síndrome metabólica, aumentando o risco de diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.
A boa notícia? A EHNA pode ser revertida, desde que detectada precocemente e tratada com mudanças estratégicas no estilo de vida.
Esse distúrbio não afeta apenas a saúde do fígado: está diretamente ligado à síndrome metabólica, aumentando o risco de diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.
A boa notícia? A EHNA pode ser revertida, desde que detectada precocemente e tratada com mudanças estratégicas no estilo de vida.
Mas o que é gordura no fígado e por que ela se acumula?
A esteatose hepática não alcoólica é caracterizada pelo acúmulo excessivo de lipídios nos hepatócitos (células do fígado), sem relação com consumo excessivo de álcool. Esse acúmulo resulta de um desequilíbrio entre a captação, síntese e oxidação de ácidos graxos no fígado.
Mecanismo de ação e fisiopatologia
- Resistência à insulina e aumento da lipogênese. A resistência insulínica faz com que o pâncreas produza mais insulina para compensar a baixa sensibilidade celular. Esse aumento de insulina estimula a lipogênese hepática (produção de gordura no fígado), favorecendo o acúmulo de triglicerídeos.
- Acúmulo de gordura e estresse oxidativo. O fígado passa a armazenar mais ácidos graxos e sofre um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (EROs). Isso desencadeia um processo inflamatório crônico, gerando dano celular e morte programada dos hepatócitos.
- Progressão para esteato-hepatite, fibrose e cirrose. Quando a inflamação se torna persistente, ocorre infiltração de células inflamatórias e deposição de colágeno, formando fibrose hepática. Se não houver controle, o fígado evolui para cirrose e perda funcional, aumentando o risco de câncer hepático.
Esse ciclo é impulsionado por fatores como má alimentação, sedentarismo, estresse crônico e alterações no microbioma intestinal.
E quem tem mais risco de desenvolver gordura no fígado?
A EHNA está fortemente ligada ao estilo de vida e é mais comum em pessoas com:
- Excesso de gordura visceral. A gordura abdominal está diretamente associada ao acúmulo hepático de lipídios.
- Alimentação rica em ultraprocessados e açúcares refinados. Estimula a inflamação e o acúmulo de gordura no fígado.
- Síndrome metabólica. Diabetes tipo 2, resistência insulínica e colesterol elevado aumentam o risco.
- Baixa atividade física. O sedentarismo agrava a inflamação e dificulta o metabolismo dos lipídios.
- Disbiose intestinal. Alterações na microbiota favorecem o acúmulo de gordura hepática e a inflamação.
O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais (enzimas hepáticas), ultrassonografia e, em alguns casos, biópsia hepática.
É possível reverter a gordura no fígado?
A esteatose hepática não alcoólica (EHNA) pode ser revertida nos estágios iniciais, e a principal forma de tratamento é ajustar os hábitos alimentares e incorporar a prática regular de atividades físicas.
Uma das abordagens mais eficazes é a perda de peso de maneira saudável. A redução de 5% a 10% do peso corporal pode diminuir significativamente a gordura no fígado e melhorar os marcadores inflamatórios, como demonstrado em estudos.
Além disso, melhorar a qualidade da alimentação é essencial. Isso inclui a redução do consumo de açúcares refinados e carboidratos com alto índice glicêmico, evitando também gorduras saturadas e trans, comuns em alimentos ultraprocessados. Por outro lado, é importante aumentar a ingestão de fibras, proteínas magras e antioxidantes, que ajudam a combater o estresse oxidativo, um dos fatores que contribuem para o agravamento da doença.
Praticar exercícios físicos regularmente é outro pilar fundamental no tratamento. Tanto os exercícios aeróbicos quanto a musculação podem aumentar a sensibilidade à insulina e diminuir o acúmulo de gordura no fígado.
Controlar o metabolismo também desempenha um papel crucial na reversão da esteatose hepática. Manter a glicemia e os níveis de colesterol dentro de limites saudáveis ajuda a reduzir a sobrecarga no fígado. Além disso, monitorar a microbiota intestinal pode ser uma estratégia interessante para modular a inflamação hepática.
Por fim, regular o sono e reduzir o estresse são ações importantes. A privação de sono e o estresse crônico aumentam a resistência à insulina e favorecem a inflamação, o que pode piorar a condição hepática.
A gordura no fígado não pode ser ignorada, pois pode evoluir para fibrose hepática, cirrose e até câncer de fígado. No entanto, quando identificada precocemente, é possível reverter essa condição apenas com mudanças no estilo de vida.
Se há um momento para agir, esse momento é agora. Pequenas mudanças no dia a dia previnem complicações futuras e garantem longevidade e qualidade de vida.
Fonte: InfoMoney