terça-feira, 18 de março de 2025

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Telescópio Webb detecta CO₂ em exoplanetas pela primeira vez

Nasa

Telescópio Espacial James Webb

Em uma descoberta histórica anunciada nesta segunda-feira (17), cientistas da NASA  usaram o telescópio espacial James Webb para identificar, de forma direta, dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera dos quatro gigantes gasosos do sistema HR 8799—a apenas 130 anos-luz de distância.

O estudo, publicado no The Astrophysical Journal, reúne uma equipe norte-americana que empregou instrumentos inovadores para observar o gás, elemento essencial para a vida na Terra, e desvendar os processos que moldam planetas jovens.

“As novas imagens de Webb de dois sistemas icônicos, HR 8799 e 51 Eridani, e de seus planetas deixaram os pesquisadores atônitos e forneceram informações adicionais sobre a composição química dos jovens gigantes gasosos”, afirmou a NASA em um comunicado.

Observação dos exoplanetas

Para realizar essa façanha, os pesquisadores utilizaram os instrumentos de coronógrafo do James Webb, dispositivos que bloqueiam a luz intensa das estrelas e permitem uma visão mais clara dos planetas que as orbitam.

O astrofísico William Balmer, autor principal do estudo, em entrevista à AFP, comparou o método de observação à experiência cotidiana: “é como colocar o seu polegar na frente do sol quando você está olhando para o céu.”

Normalmente, o telescópio capta exoplanetas por meio do método de trânsito—quando um planeta passa na frente de sua estrela—mas, desta vez, a equipe observou diretamente a luz emitida pelo planeta. 

“Na verdade, estamos vendo a luz que é emitida pelo próprio planeta, em vez da impressão digital dessa luz proveniente da estrela hospedeira”, destaca Balmer.

Essas técnicas avançadas possibilitam identificar elementos que condensam em minúsculas partículas de gelo no frio extremo do espaço, oferecendo pistas valiosas sobre a origem dos planetas.

Implicações da descoberta

Apesar de esses planetas gasosos não serem candidatos à habitabilidade, eles carregam informações cruciais sobre o modo como corpos celestes, como Júpiter e Saturno, se formam.

Segundo Balmer, essa descoberta é uma “peça-chave da prova” de que planetas distantes podem surgir de processos semelhantes aos do nosso sistema solar—onde pequenas partículas geladas se agregam para formar um núcleo sólido que, posteriormente, atrai enormes quantidades de gás.

Além disso, embora os gigantes não possam abrigar vida, a possibilidade de que suas luas ofereçam condições adequadas para o surgimento de organismos animou a comunidade científica.

Gigantes gasosos do sistema HR 8799
Nasa

Gigantes gasosos do sistema HR 8799

Estudos recentes apontaram cerca de 6.000 exoplanetas, majoritariamente massivos e inóspitos, e o próximo passo, como ressalta o especialista, é focar em mundos de tamanho semelhante ao da Terra.

Nesse sentido, a missão do telescópio Nancy Grace Roman, com lançamento previsto para 2027, promete ampliar essas buscas. Contudo, desafios financeiros se impõem: na última semana, o governo dos EUA anunciou a demissão do principal cientista da NASA, sinalizando cortes que podem afetar novas pesquisas.

Futuro da exploração espacial

O James Webb já demonstrou seu potencial ao detectar, no ano passado, CO₂ e peróxido de hidrogênio na superfície de Charon, a maior lua de Plutão.

Balmer expressa otimismo quanto ao uso de Webb para observar outros sistemas planetários de múltiplos corpos, o que pode revelar ainda mais segredos sobre a diversidade e a evolução dos planetas.

Esses avanços nos aproximam de compreender não apenas a formação dos gigantes gasosos, mas também o quão singular—ou normal—é o nosso próprio sistema solar.

tecnologia.ig.com.br

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