Em cartaz em São Paulo, a mais recente exposição de Pinky Wainer apresenta uma série de grandes pinturas que investigam o poder e o privilégio de homens brancos bilionários. Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra integra o Projeto Vênus, um espaço artístico localizado no centro da cidade que promove a interação com a arte contemporânea brasileira, enfatizando a representação de jovens artistas locais.
Entre os personagens explorados nas obras de Wainer estão figuras emblemáticas como o Barão Hans Heinrich von Thyssen-Bornemisza e uma alegoria inspirada em Vladimir Putin, utilizadas para refletir sobre o poder masculino e suas implicações. As sete telas da exposição abordam temas como violência e acúmulo de riquezas, expondo as tensões entre privilégio, exploração e crise global. “São eles os responsáveis pelo que está acontecendo conosco”, afirma a artista, referindo-se às guerras e à emergência climática.
A série marca uma transição estilística na trajetória de Pinky Wainer, que migra da aquarela para a tinta acrílica em grandes formatos, sem abrir mão da estética inacabada característica de sua obra. “Pintei com a liberdade com que pinto aquarela. Aprendi a entender que meu trabalho é inacabado sempre”, comenta Wainer, destacando a evolução técnica que acompanha suas reflexões críticas.
Confira alguns destaques da exposição:
Gun Maker
A obra traz a figura do Barão Hans Heinrich von Thyssen-Bornemisza, renomado colecionador e herdeiro de uma família que fornecia aço ao exército de Hitler. “Foi quando a pintura se tornou desafiadora, cerebral: uma fusão de acrílica, aquarela, folha de ouro… e a dúvida constante sobre o que permanecerá e o que desaparecerá para sempre. Muito tempo apenas olhando, observando. É preciso paciência”, explica Wainer.
Run, Baby, Run
Nesta obra, a artista intensifica sua crítica ao omitir completamente a figura humana. O fundo, anteriormente pálido, é agora preenchido por cores intensas e dramáticas, criando uma atmosfera de tensão. A cena é dominada por uma revoada de helicópteros, uma referência ao icônico filme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola, que simboliza a insanidade da guerra.
War Makers
Aqui, dois homens são representados em meio a uma acusação explícita: eles seriam financiadores de guerras. “Os banqueiros de sempre, por trás de todos os conflitos. Elegantes, corteses, inacabados. E com olhares idênticos aos de lobos”, descreve a artista, apontando para a relação entre poder financeiro e destruição.
Travessa Dona Paula, 134, Higienópolis
Até 21/12. Horários: Terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 11h às 17h
Entrada gratuita