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Como as IAs auxiliam na criação de roteiros turísticos?

ChatGPT fora do ar? IA da OpenAI tem problemas nesta quarta (10)Douglas Ciriaco

“Quais os melhores locais para visitar em São Thomé das Letras?”. Uma simples pergunta que, em menos de um minuto, o ChatGPT já te deu uma breve descrição da cidade e os dez melhores pontos turísticos da cidade no interior mineiro. Entretanto, as pesquisas podem ser muito mais aprofundadas, com dicas de hospedagem, restaurantes e quais roupas levar, dependendo da época do ano.

O uso de inteligência artificial tem entrado cada vez mais no campo do turismo. Seja na automação de atividades para empresas ou na autogestão de um guia turístico, é impossível negar que as IAs têm tomado conta de diversas atividades quando falamos de montar uma viagem.

Durante a Sun&Blue Congress, em novembro de 2023, a consultora executiva da Área de Inteligência Turística da Turismo y Planificación Costa del Sol, Lourdes Navarrete, afirmou que “temos e devemos utilizar a inteligência artificial nas fases de pré-viagem, viagem e pós-viagem para melhorar a experiência do utilizador na sua viagem”.

IAs nas empresas turísticas

O sócio da agência Mèrola e especialista em turismo e tecnologia, Eduardo Peluzo, explica que as IAs vêm sendo usadas no mercado turístico há alguns anos, mas de uma forma mais comedida, na automação de alguns serviços: “[Temos] as assistentes virtuais, o chatbot, com principal destaque para o ChatGPT consegue fornecer um suporte 24 horas para os clientes e responder às perguntas de uma maneira mais humanizada sobre eventuais dúvidas e recomendações de viagens”.

Outro ponto destacado são os usos para previsão de demandas, análise de dados de clientes, precificação, textos para redes e montagem de cronogramas, o que auxilia as pequenas empresas com poucos funcionários nas atividades corriqueiras.

Entretanto, mais recentemente, algumas IAs vêm sendo aplicadas no processo de montagem dos roteiros. Para Eduardo, esse uso é tido como um “diferencial”, pois entrega “roteiros sob medida, dando uma experiência realmente exclusiva e que vão proporcionar momentos mais memoráveis para os clientes, os deixando mais satisfeitos”.

Uma experiência ainda melhor é criada aos usuários quando a tecnologia é utilizada de maneira catalogadora, conseguindo filtrar os últimos destinos e entregar sugestões novas com base no seu histórico. “A inteligência artificial está tendo um grande impacto nessa personalização justamente porque ela consegue analisar de uma maneira mais minuciosa e aprofundada os dados dos clientes. Assim, ela consegue produzir roteiros personalizados e adequados para determinados perfis”.

IAs na montagem de roteiros personalizados

A mestranda em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Layrane Santos, acrescenta “a facilidade que permite aos viajantes pesquisar informações sobre o local que vai, e criar um roteiro turístico para eles.”

Entretanto, a acadêmica afirma que trata-se apenas de um planejamento, pois ainda que a inteligência artificial possa entregar roteiros mirabolantes e ricos em detalhes, ela ainda é falha, com informações que podem estar desatualizadas e sem dicas cruciais que uma pessoa conseguiria dar, como lugares e manias que devem ser evitados, por exemplo.

Layrane diz: “Até que ponto as informações são realmente fidedignas à realidade? Por exemplo, se eu fizer um roteiro, e colocar qual o tempo forte dos Reis Magos até o Museu da Rampa, que fica na Ribeira [no Rio Grande do Norte]. Se coloco [no Google], o site me diz que o trânsito é 10 minutos. Porém, não é devido às questões do ritmo da cidade, coisa que a inteligência artificial não conhece como os guias”.

“Eu posso colocar [a IA] para gerar esse roteiro turístico para mim de qual os lugares. Colocar a quantidade de dias, valores e tudo mais. Então acaba sendo benéfico para mim, porque eu tô montando meu próprio roteiro e eu posso adaptar o que quero fazer ou não. Como turista, posso fazer tudo isso sozinho”, explica a acadêmica.

Eduardo corrobora com a fala da colega, afirmando que uma grande perda é a não sugestão de passeios pouco conhecidos, de integração à comunidade local e apoio mais forte aos pequenos produtores. Essas automações não conseguem fazer as pontes entre o viajante e as comunidades locais, ficando com um roteiro de pontos mais famosos e comerciais da cidade.

Aplicação no dia a dia

Um exemplo de como as IAs vêm sendo utilizadas é na Gramado Blog, empresa turística que faz o uso das ferramentas para ajudar no atendimento ao cliente. De acordo com Lucas Castilhos, Cofundador e CEO do Roterin — aplicativo voltado para a criação de itinerários — a utilização tem sido focada em trazer uma melhor experiência aos viajantes.

Entretanto, Lucas afirma que os principais desafios são a confiabilidade das informações disponíveis na internet. “A gente usa ela como um apoio para a tomada de decisão, mas ela não toma decisão pela gente. É um desafio a confiabilidade das informações, mas a gente resolve através do nosso algoritmo, colocando algumas regras de filtragem para poder resolver.”

Para Lucas, a tecnologia está caminhando para que “tenha uma integração cada vez maior em tempo real”. Segundo ele, é imprescindível trazer informações que não foram passadas há muito tempo, como é feito atualmente.

“Horário abertura de fechamento dos locais, dias que estão abertos, preço atualizado dos locais, tudo são coisas um pouco mais complexas, mas que nós já resolvemos internamente. Porém tem questões mais complexas de resolver, como a mudança da inflação, sazonalidade do Turismo, informações de consumo, como por exemplo, se criança em determinada idade paga e qual valor em determinado lugar. Isso muda muito”, explica Lucas.

O CEO explica que o aplicativo tem ajudado as pessoas no planejamento e compartilhamento de experiências, trazendo o lado mais “humano” que uma viagem precisa.

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