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Com onda de calor, pesquisador  orienta produtor ‘segurar’ o plantio da soja

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) divulgou, no começo desta semana, um aviso de onda de calor. O alerta destaca os riscos para a saúde, mas também é importante considerar os impactos negativos que o fenômeno pode causar na atividade agrícola.

Desde o fim do vazio sanitário, em 15 de setembro, os agricultores estão aptos para o período de semeadura da soja que, no Mato Grosso do Sul, iniciou em 16 de setembro e vai até 24 de dezembro. Porém, o episódio excepcional de calor em grande parte do Brasil nos próximos dias, com destaque para Mato Grosso do Sul, demanda atenção e cuidados redobrados para a implantação das lavouras.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo Garcia enfatiza que vale a pena esperar um pouco mais para semear, assim o produtor terá mais segurança para garantir um estande de plantas adequado e uniforme. E complementa que “o calor excessivo no solo pode ter um efeito negativo no desenvolvimento em sementes de soja recém-semeadas, pois temperaturas extremas do solo podem causar danos às sementes, impedindo-as de germinar ou se desenvolver adequadamente”.

“A recomendação mais adequada para o momento é prudência. Dentro do possível, o ideal seria adiar a semeadura para o fim da onda de calor. Do contrário, opte por reduzir a área, escalonando o processo de semeadura”, informa Rodrigo.

Diante desta situação, Rodrigo chama atenção ainda para a relevância do plantio direto, com destaque à cobertura com palhada e explica “além dos inúmeros benefícios que os produtores já conhecem, o solo coberto com palhada representa um grande aliado do produtor, pois diante de um cenário climático desfavorável contribui com a redução dos impactos da amplitude térmica, mantendo as sementes e a plântula de soja mais protegidas”.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Éder Comunello destaca que a temperatura do solo costuma ser bem mais intensa do que a do ar porque o solo absorve o calor do sol e o retém por mais tempo, especialmente, nos horários mais quentes do dia e informa que “temperaturas acima de 40ºC podem facilmente superar os 50°C no solo”.

El-Niño – Éder informa ainda que a publicação do valor da anomalia de temperatura do último trimestre (Junho-Julho-Agosto) confirmou que a próxima safra de verão será sob os efeitos do El Niño e acrescenta “desde 2001, esta será a oitava safra de verão cultivada sob efeitos de El Niño. O conceito de El Niño foi definido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que estabelece que são necessários três trimestres consecutivos com anomalia acima de 0,5 °C para declarar oficialmente El Niño”.

Já em relação à onda de calor, Eder explica que esse fenômeno é comum na Região Centro-Oeste, mas que costuma ser intensificado sob condições de El Niño. “O que é incomum são as altas temperaturas previstas para os próximos dias’.

O artigo intitulado “El Niño na agricultura: Estratégias para enfrentar um velho conhecido” (https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/83430323/artigo—el-nino-na-agricultura-estrategias-para-enfrentar-um-velho-conhecido), escrito pela equipe de Agrometeorologia da Unidade reúne mais informações sobre o assunto. O Artigo faz um levantamento histórico dos resultados de produtividade das lavouras em safras sobre o efeito do El Niño. Além disso, o artigo reúne algumas estratégias de manejo que podem contribuir com a redução do impacto do calor excessivo nas lavouras.

Guia Clima – Diante da importância de dados agroclimáticos em tempos reais, tanto para tomada de decisão quanto para busca de informações em tempo real sobre fenômenos extremos locais, a Embrapa Agropecuária Oeste conta com o serviço gratuito Guia Clima (https://clima.cpao.embrapa.br/).

Grande parte dos acessos às informações do Guia Clima são feitas pelo público urbano, pois além dos danos potenciais das ondas de calor à agricultura, eles também podem causar danos potenciais para a saúde e o bem-estar tanto da população quanto dos animais”, acrescenta Eder.

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