O avanço das ferramentas de IA coloca muitos empregos operacionais em risco, mas também pode ser uma ameaça a cargos elevados de tomadas de decisão, como o cargo de CEO (diretor-presidente, em tradução livre). É o que aponta uma reportagem do jornal The New York Times com especialistas do setor a respeito de mudanças no cenário.
A matéria menciona algumas tarefas do CEO que poderiam ser executadas por uma IA, como analisar mercados, buscar tendências e comunicar com os funcionários. Além disso, a adoção de uma máquina no cargo aliviaria as finanças devido aos altos salários da posição.
Aos poucos, a ideia de um líder de IA começa a aparecer nas empresas, ainda que seja mais parecida com uma jogada de marketing em alguns casos. Porém, para companhias que passam por problemas de liderança e não têm muito a perder, isso poderia virar uma realidade.
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“Em empresas com dificuldades, você substituiria a gestão operacional primeiro, mas provavelmente manteria alguns humanos para pensar além das máquinas”, comentou o ex-consultor sênior da IBM
, Saul J. Berman. “A mudança trazida pela IA nas corporações será tão grande ou até maior nos níveis estratégicos quanto nos escalões inferiores”, completa.
CEOs já pensam na possibilidade
Um estudo promovido pela plataforma de aprendizado online edX em 2023 consultou CEOs e executivos sobre o tema. De acordo com a empresa, 47% dos entrevistados revelaram acreditar que “a maioria” ou “todos” os aspectos de um CEO deveriam ser automatizados ou substituídos por uma IA.
“Meu primeiro instinto é que eles diriam, ‘Substitua todos os funcionários, mas não a mim’. Mas pensei mais e diria que 80% do trabalho que um CEO faz pode ser substituído por IA”, comenta o fundador da edX Anant Agarwal.
Agarwal ainda reforça que a capacidade de raciocínio das IAs pode facilitar o acesso ao trabalho de gestão de alto nível e levar as técnicas para mais pessoas. “Costumava haver uma divisão entre pessoas que eram boas com habilidades numéricas e aquelas que não eram. Então veio a calculadora e isso foi o grande equalizador. Acredito que a IA fará o mesmo pela alfabetização. Todo mundo poderá ser CEO”, explica.
Líder de prática global de IA na consultoria Korn Ferry, Vinay Menon comenta para a reportagem que “sempre terceirizamos esforço, agora estamos terceirizando inteligência”, porém reforça que “embora você possa não precisar do mesmo número de líderes, ainda precisará de liderança”.
A premissa é de que um robô poderia ser treinado com muitas quantidades de dados para melhorar as habilidades analíticas e não seria influenciado por emoções como os humanos. Porém, vale reforçar que isso não seria um resultado “imparcial”, pois as próprias inteligências artificiais são treinadas e abastecidas com conteúdos criados por pessoas.
Primeiros exemplos
A matéria menciona alguns casos de uso da IA nos cargos de liderança. O primeiro é da companhia de jogos chinesa NetDragon Websoft, atuante no metaverso digital, que anunciou uma “CEO rotativa impulsionada por IA” chamada Tang Yu em 2022. A equipe responsável pela máquina tem funções como avaliação de desempenho e mentoria de funcionários.
Outro caso é da empresa de runs de luxo polonesa Dictator, que anunciou uma CEO de IA chamada Mika em novembro do ano passado.
A troca de líderes por IAs ainda não é uma realidade concreta, mas as ferramentas ganham cada vez mais destaque no meio corporativo: um estudo da Universidade de Chicago, nos EUA, revelou que o GPT-4 superou o desempenho de humanos em análises financeiras
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