domingo, 24 de novembro de 2024
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Presidente da Acrimat diz que pecuária pede socorro

A pecuária, tanto de corte quanto a de leite, mato-grossense e brasileira pedem socorro. A pontuação é da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) diante do cenário atual de preços da arroba abaixo dos custos de produção, somado ao baixo poder aquisitivo da poulação, insegurança no campo e a insegurança jurídica.

Mato Grosso é detentor de aproximadamente 15% do rebanho bovino brasileiro. Em quantitativo de bovinos levantado durante a campanha de atualização de estoque de rebanho, realizada entre 1º de maio e 15 de junho deste ano, conforme o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea-MT), foi constatado um volume de 34.473.643 animais no estado.

O volume de bovinos abatidos em agosto de 2023 chegou a 581,51 mil em Mato Grosso. Foram cerca de 54 mil (10,4%) animais a mais que no mês anterior. Em agosto de 2022, o número total de abates foi de 461,54 mil cabeças.

Em artigo divulgado nesta quinta-feira (14), o presidente da Acrimat, Oswaldo Ribeiro Junior, pontua que “Pode parecer inacreditável um setor tão forte e importante da economia brasileira pedir socorro”. Entretanto, salienta ele, “Apesar de batermos recordes sucessivos de produtividade, termos alimentado o mundo na pandemia, colocando alimento na mesa de quase um bilhão de pessoas, nosso setor passa por um momento muito difícil e que vem se estendendo há mais de um ano”.

O presidente lembra que o ciclo pecuário é de altas e baixas no mercado e que todo pecuarista tem conhecimento disso e “vem tentando sobreviver, com planejamento, investimento e muita eficiência, mas, atualmente nos deparamos com outras inúmeras variáveis que estão conseguindo tirar muitos produtores da atividade”.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Acrimat busca soluções para mitigar problema

De acordo com Oswaldo Ribeiro Junior, frisa que a entidade vem trabalhando em busca de soluções que possam mitigar os problemas enfrentados pelos pecuaristas mato-grossenses.

Entre as resoluções procuradas está a redução de taxas, estimulo à abertura de novas e pequenas plantas frigoríficas, abatedouros municipais, além de campanhas de estimulo ao consumo da carne bovina, na orientação e educação continuada de milhares de pequenos e médios produtores, abertura de cooperativas de produtores e até mesmo formação de pools de venda de animais e compra de insumos.

“Precisamos urgentemente de políticas efetivas de Estado, sejam elas de qualquer esfera, mais ágeis e eficientes, porque hoje elas se mostram poucas e lentas, muitas vezes ultrapassadas devido à dinâmica do mercado. As leis e os gestores públicos precisam se adaptar às novas necessidades no tempo certo. Isso é o que diferencia um setor público eficiente. A velocidade de reação e adaptação aos desafios que se mostram cada vez mais frequentes. Nosso papel como produtores estamos fazendo, que é pagar nossos impostos e produzir cada vez mais e melhor em áreas cada vez menores”.

Rebanho Bovino de bezerros Nelore
Foto: Leandro Balbino/Canal Rural Mato Grosso

Produtor não determina o preço

O presidente da Acrimat reafirma, ainda, que não é o pecuarista quem determina o preço da arroba do boi no momento da venda.

“Pode parecer inacreditável, mas a verdade é que toda vez que se vai vender um animal pronto para o abate, perguntamos aos frigoríficos quanto nos pagam por nossos produtos. Nunca, absolutamente nunca, determinamos o preço da arroba. Não fazemos parte dessa decisão”.

Oswaldo Ribeiro Junior ressalta que “Há pouco tempo a Acrimat juntamente com o IMEA fez um levantamento para saber quem estava ganhando no mercado da carne que envolve os pecuaristas, os frigoríficos e o varejo e ficou evidenciado que o grande beneficiado era o varejo”. Porém, “Com a acentuação da queda do preço da arroba do boi, os frigoríficos também passaram a ter lucros bastante significativos, sobrando o prejuízo para o produtor principalmente nesses últimos dois anos”.

Redução da taxa para abates de fêmeas

O presidente da Acrimat destaca ainda que foi solicitado ao governo de Mato Grosso “desde janeiro deste ano a redução da taxa de abate das fêmeas, cujo valor, apesar de mais leves e mais desvalorizadas, é exatamente o mesmo dos machos. Uma medida lógica, justa e legal seria esse ajuste. As taxas de abate também não trabalham com a oscilação do mercado, não flutuam conforme os preços, pelo contrário são reajustadas de acordo com a inflação, aumentando cada vez mais o buraco no setor produtivo”.

“Precisamos ser olhados e tratados como parceiros nessa economia pujante, onde todos tenham sua parte e valor reconhecido. A máquina pública antes de ser arrecadadora tem que estar pronta e alerta às injustiças, porque a balança precisa estar em equilíbrio para todos. Não pedimos mais para nós e menos para os outros, pedimos o correto e o necessário à continuidade do nosso trabalho”.

Oswaldo Ribeiro Junior frisa que “Por fim acreditamos no mercado livre, mas antes de tudo acreditamos no mercado justo”.


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