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Crítica Evidências do Amor | Romance é uma hipérbole de Fábio Porchat

Diandra Guedes

Crítica Evidências do Amor | Romance é uma hipérbole de Fábio Porchat

É difícil imaginar algum brasileiro que nunca tenha ouvido Evidências, música de José Augusto que foi imortalizada na voz dos sertanejos Chitãozinho & Xororó. Basta ir em uma festa para ter a certeza de que a canção será tocada pelo menos uma vez. E é baseado nisso que o romance
Evidências do Amor

se apoia, fazendo uma piada com o sucesso da canção e a transformando em uma verdadeira maldição. O filme é estrelado por uma Sandy
que volta a atuar depois de um hiato de mais de 10 anos, e pelu humorista Fábio Porchat, que mais uma vez parece interpretar ele mesmo.

Na trama, Marco e Laura são um casal que se conhece em um karaokê no momento em que escolhem a tal música para cantar. A partir daí, eles não se desgrudam mais e engatam um namoro que parecia perfeito, mas que acaba bruscamente quando a mocinha termina tudo por mensagem de áudio. Marco fica desesperado e embarca em uma fossa daquelas. E, como se já não bastasse a dor de cotovelo, sua vida piora quando ele descobre que, sempre que escuta Evidências, volta ao passado e revive uma briga do casal.

Cheio de lapsos temporais e algumas piadas prontas, o filme é divertido mas não chega a arrancar gargalhadas. De fato, funciona muito mais como um romance água com açúcar do que como comédia, apesar de ter o humorista como chamariz. Porchat não desagrada em cena e é o principal responsável pelos momentos cômicos. O problema, porém, é que parece que está fazendo uma caricatura de si; mesmos trejeitos, mesmo modo de andar, falar, gesticular e mesma piadas que quem acompanha sua carreira já sabe que ele faria. É uma hipérbole de si mesmo.


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Sandy, por sua vez, continua a mocinha que sempre foi. É romântica, alegre, tão jovem, tão galera — como diria Rita Lee. Não se apaga em cena, pelo contrário, tem momentos importantes de embate com o personagem de Fábio, mas não tem força suficiente para fazer o filme ser inesquecível.

Comparação inevitável

Aliás, nem ele, nem ela e nem o roteiro. Isso porque a trama é de fato interessante, mas parece ficar pelo caminho. Ao contrário de
Grandes Hits

— filme internacional que tem uma sinopse bem semelhante
—, Evidências do Amor
é raso como um pires e todo esse vai e volta no passado só serve para que os protagonistas vejam seus erros e entendam que se amam de verdade.

Um clichê tão batido que, na metade da trama, já dá para saber o final. E aí, o que prende o público na cadeira? A expectativa de que o enredo engrene, tenha um final surpreendente ou que a personagem de Evelyn Castro, ápice cômico do longa, apareça mais em cena. Já adiantando: nada disso acontece.

Até há momentos emocionantes, como a cena em que Marco volta no tempo e reencontra o falecido pai. Mais solto, deixando a comédia de lado, Fábio permite que a emoção flua de forma natural, e o resultado agrada. Tirando isso, o desfecho é óbvio, e até as surpresas são previsíveis, o que não torna o filme ruim, só faz com que ele fique um pouco mais morno.

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