EUA processam Apple por monopólio em smartphones e empresa responde
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos entrou com uma ação civil antitruste contra a Apple
alegando “monopolização do mercado de smartphones”, onde afirma que a conduta excludente da Apple dificulta que a população americana troque de smartphones, além de prejudicar “a inovação em aplicativos, produtos e serviços” e impor “custos extraordinários a desenvolvedores, empresas e consumidores.”
A denúncia alega que a Apple mantém o monopólio sobre smartphones ao impor restrições contratuais e negar acesso crítico a desenvolvedores: “A Apple prejudica aplicativos, produtos e serviços que, de outra forma, tornariam os usuários menos dependentes do iPhone, promoveriam a interoperabilidade [entre produtos e sistemas operacionais] e reduziriam custos para consumidores e desenvolvedores.”
Ainda segundo o documento, é dito que a Apple exerce seu poder de monopólio para extrair mais dinheiro de consumidores, desenvolvedores, criadores de conteúdo, artistas, editores, pequenas empresas, comerciantes e de outras categorias.
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O governo dos Estados Unidos esclarece ainda cinco pontos de conduta anticompetitiva da Apple no mercado. Confira abaixo as alegações:
- A Apple realiza o bloqueio e impõe limitações em “super apps” que facilitariam consumidores alternarem entre plataformas de smartphones concorrentes.
- A Apple bloqueou o desenvolvimento e publicação de apps e serviços de streaming
em nuvem que permitiriam aos consumidores desfrutar de jogos de alta qualidade sem ter que pagar por celulares mais caros. - A Apple piorou a qualidade das mensagens entre diferentes plataformas, tornando-as menos inovadoras e menos seguras para os usuários.
- A Apple diminui a funcionalidade de relógios de empresas concorrentes para dar destaque ao Apple Watch, fazendo com que seus clientes deem prioridade ao ecossistema da empresa.
- A Apple impediu que aplicativos de terceiros ofereçam funcionalidade tap-to-pay, inibindo a criação de carteiras digitais multiplataformas.
A denúncia ainda alerta que a má conduta da além vai além dos exemplos citados e afeta ainda “navegadores da web, comunicação por vídeo, assinaturas de notícias, entretenimento, serviços automotivos, publicidade, serviços de localização e muito mais.”
“Compre um iPhone para a sua mãe.”
O documento cita ainda uma frase polêmica que o CEO da Apple, Tim Cook
, disse durante a Code Conference em 7 de setembro de 2022.
Um repórter na audiência questionou o executivo se a Apple iria facilitar a troca de mensagens entre iPhone e Android e enfatizou que ele não consegue enviar certos vídeos à mãe, que usa Android. Tim Cook apenas respondeu: “compre um iPhone para a sua mãe.”
O CEO da Apple foi duramente criticado por sua fala, que não apenas reforça a ideia de que facilitar a comunicação entre Android e iPhone não é prioridade para a empresa, como também seria um motivo de piada.
Além disso, e-mails do julgamento da Epic Games contra a Apple revelaram em 2022 que o vice-presidente sênior de engenharia de software
da Apple, Creig Federighi, disse que levar o iMessage ao Android e facilitar a comunicação entre as plataformas “removeria um obstáculo” e facilitaria que pais dessem celulares Android aos filhos.
Apple responde ao processo
Em comunicado à imprensa, o porta-voz da Apple, Fred Sainz, disse que o processo “ameaça quem somos e os princípios que diferenciam os produtos Apple em mercados ferozmente competitivos.”
“Se for bem sucedido, [o processo] prejudicará a nossa capacidade de criar o tipo de tecnologia
que as pessoas esperam da Apple — onde hardware
, software e serviços se cruzam. Também estabeleceria um precedente perigoso, capacitando o governo a exercer uma influência pesada na concepção da tecnologia das pessoas.”
A Apple conclui afirmando que “este processo está errado nos fatos e na lei, e nos defenderemos vigorosamente contra ele.”
O caso montado pelo Departamento de Justiça conta com apoio em 16 estados e distritos, e novos locais podem se juntar à briga nas próximas semanas. A ideia é obrigar, por via judicial, que a Apple “pare de usar seu controle sobre a distribuição dos apps para limitar tecnologias multi-plataformas”. Ainda não se sabe se algum tipo de embargo será imposto pelo próprio Departamento de Justiça à Apple.
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