A primeira foto que cientistas conseguiram tirar de um acasalamento entre baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae)
foi publicada na revista Marine Mammal Science
na última terça-feira (27). Só tem um detalhe: os dois animais envolvidos são machos. O registro foi feito durante uma viagem recreativa a Maui, a segunda maior ilha do Havaí.
O próprio estudo reconhece que o comportamento sexual das baleias
permanece um mistério, mesmo que o comportamento social da espécie tenha sido estudado há décadas. Os autores revelam que se trata do primeiro relato de penetração de uma baleia-jubarte e o primeiro relato de atividade sexual entre dois machos dessa espécie.
As imagens das caudas de ambas as baleias foram enviadas para um banco de dados que permitiu identificá-las. Uma delas integra o banco de dados desde 1993, o que sugere que a idade não impede a atividade sexual da jubarte. Para fins de análise, as imagens dos órgãos genitais também foram adicionadas ao banco de dados.
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Os pesquisadores analisaram as fotografias e perceberam que uma das baleias penetrava na abertura genital da outra, e ainda utilizava as nadadeiras para segurá-la. “Este comportamento de agarrar parece ser um componente importante da cópula ou tentativa de cópula das baleias jubarte”, observam os autores.
A análise também permitiu ver que uma das baleias tinha uma lesão na mandíbula, mas os pesquisadores não sabem dizer a causa.
“Sabe-se que traumatismos contundentes causados por colisões com grandes embarcações causam fraturas ósseas em grandes baleias. Infelizmente, essas lesões nem sempre são imediatamente letais, e o animal pode sofrer durante semanas ou meses antes de sucumbir aos ferimentos. A condição corporal e a carga parasitária da baleia sugeriram que ela estava com a saúde debilitada, provavelmente estava em declínio há algum tempo”, consta no estudo.
O time observa que algumas explicações possíveis para este comportamento são que uma dessas baleias estava erroneamente tentando acasalar com a outra, ou fez isso em uma expressão de domínio sobre um competidor fraco e ferido.
Onde vivem as baleias-jubarte
De acordo com a International Whaling Commission (IWC), as baleias-jubarte podem ser encontradas em todos os oceanos, e viajam grandes distâncias todos os anos para realizar uma das migrações mais longas: para se ter uma noção, algumas populações nadam 8 mil quilômetros.
Durante os meses mais quentes, passam a maior parte do tempo alimentando-se e acumulando reservas de gordura para resistir ao inverno. Costumam comer pequenos crustáceos (principalmente krill) e pequenos peixes, e usam várias técnicas para encurralar e desorientar as presas, e isso pode incluir o uso de bolhas, sons, o fundo do mar e até mesmo suas nadadeiras.
Já a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) revela que as baleias-jubarte atingem a maturidade sexual entre as idades de 4 e 10 anos. As fêmeas produzem um único filhote a cada 2 a 3 anos, em média.
Comportamento homossexual nos animais
O estudo aponta que “em muitas espécies, as funções do comportamento sexual vão além da reprodução. O comportamento heterossexual ocorre frequentemente em contextos não reprodutivos e é comum no reino animal”, e “as interações sexuais entre indivíduos do mesmo sexo
foram documentadas para uma ampla gama de espécies” que vão além das baleias-jubarte registradas pelos pesquisadores.
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