Após 15 anos de pesquisa, um grupo internacional de cientistas compartilha a descoberta de milhões de novos grupos de genes, originários das criaturas que vivem no oceano, incluindo a zona crepuscular. Os achados genômicos devem impulsionar o desenvolvimento de novos remédios, como antibióticos, e de novas soluções até para a agricultura.
Publicado na revista Frontiers in Science
, este é o maior estudo já realizado sobre o DNA
dos oceanos. Foi possível mapear a relação dos novos grupos de genes com as proteínas produzidas e os processos bioquímicos envolvidos, incluindo a ativação das vias metabólicas.
Este é “um salto em direção à compreensão de toda a diversidade do oceano, contendo mais de 317 milhões de grupos de genes de organismos marinhos de todo o mundo”, afirma Elisa Laiolo, pesquisadora da Universidade King
Abdullah de Ciência e Tecnologia (Kaust) e principal autora do estudo, em nota.
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DNAs do oceano
Na pesquisa, não era possível levar todas as possíveis criaturas marinhas, incluindo bactérias e fungos, para análise em laboratório. Então, organismos foram identificados através de seus “traços”, deixados na água.
Mais de 2 mil amostras oceânicas foram coletadas e este DNA ambiental
é que passou por sequenciamento genético e, em seguida, foi analisado com a ajuda da Inteligência Artificial (IA).
Além dos genes, foi possível descobrir inúmeras proteínas novas derivadas de micróbios marinhos, com aplicações ainda desconhecidas.
Achados da zona crepuscular
Entre as descobertas mais interessantes da pesquisa, estão os fungos que vivem na zona crepuscular do oceano, também chamada de zona mesopelágica. A faixa oceânica está situada a uma profundidade que varia de 200 a mil metros abaixo da superfície.
Animais bastante curiosos vivem nessa região, como os sifonóforos e as salpas
. No entanto, o que chamou mesmo a atenção da equipe foi a quantidade de fungos. A partir deles, é que se acredita ser possível a descoberta de novos antibióticos.
A penicilina dos oceanos
“ A penicilina é um antibiótico
que veio originalmente de um fungo chamado Penicillium
, então podemos encontrar algo parecido nesses fungos oceânicos”, aposta Fabio Favoretto, pesquisador da Universidade da Califórnia, para o jornal The Guardian
. Ele não participou do estudo.
Inclusive, Favoretto lembra que essa região do oceano sofre com alta pressão, temperaturas frias e falta de luz. Nessa condições adversas, os fungos podem ter evoluído para ter adaptações únicas, com propriedades bioquímicas potentes.
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