sábado, 6 de dezembro de 2025

Organoide feito com células humanas chora pela primeira vez

Fidel Forato

Organoide feito com células humanas chora pela primeira vez

Nos países baixos, cientistas do Hubrecht Institute desenvolveram o primeiro organoide — uma cultura 3D de células provenientes da conjuntiva, uma parte do olho humano — capaz de chorar. Calma, ninguém se emocionou e nem sentiu dor, já que estas células não estão ligadas ao tecido nervoso.

Aqui, vale explicar que a conjuntiva é uma membrana mucosa transparente, responsável por proteger e lubrificar tanto o interior das pálpebras quanto a parte branca dos olhos (esclera). Ela também está diretamente conectada com as lágrimas.

A ideia do experimento foi compreender como funcionam as células da conjuntiva. Neste ponto, o experimento foi tão promissor que os cientistas descobriram até um novo tipo de células neste tecido, as células tufos. Até então, tinham sido encontradas no trato respiratório, no intestino e no pâncreas, mas nunca foram achadas nos olhos.


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Conforme explicam os autores em artigo publicado na revista Cell Stem Cell
, as descobertas e a criação desse organoide ajudarão outras pesquisas no desenvolvimento de remédios para a saúde ocular
, indo de alergias até casos de câncer.

Lágrimas de organoide

Quando se pensa em lágrimas, a primeira associação é com o choro, aquelas lágrimas emocionais
, liberadas em casos de raiva, dor ou mesmo alegria extrema, com doses do hormônio do estresse, o cortisol.

No entanto, existem diferentes tipos de lágrimas liberadas pelos olhos que não têm fundo emocional, como as lágrimas reflexas e basais. Em ambos os casos, são apenas um tipo de defesa do organismo contra agentes externos e infecciosos. Elas também podem ajudar na lubrificação. Durante o experimento, apenas este segundo tipo foi induzido.

Estimulando a produção de lágrimas

“Depois de termos criado esses organoides funcionais, queríamos saber como a conjuntiva está envolvida na produção de lágrimas”, conta Marie Bannier Hélaouët, uma das pesquisadoras do estudo, em nota. Para isso, o organoide foi exposto a produtos alérgenos.

Em resposta a essa alergia induzida, “os organoides começaram a produzir lágrimas completamente diferentes: havia mais muco [substância responsável por ‘grudar’ as lágrimas na superfície ocular], mas também havia mais componentes antimicrobianos [outro composto comum nesse tipo de solução]” do que o esperado, afirma Hélaouët. Nessas condições, a quantidade de células tufos ativas era maior.

A seguir, veja o que aconteceu com o organoide:

Na primeira imagem (healthy), é possível ver as células produtoras de muco em seu estado natural. Após serem estimuladas pelos alérgenos, elas se tornam mais ativas e passam a produzir muco, o que está ligado com a produção das lágrimas, como observado na segunda imagem (allergy).

Futuro da pesquisa

Agora, os próximos passos do estudo envolvem entender como as doenças impactam a conjuntiva. “Podemos usar o nosso modelo para testar medicamentos para alergias ou para a doença do olho seco, por exemplo”, sugere Hélaouët.

Dependendo de como o cultivo dos organoides evoluir, no futuro, será viável a produção do tecido para implantes em casos de queimaduras oculares, câncer e até doenças genéticas.

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