A promotora de Justiça Ana Raquel Nina, responsável pelo caso, solicitou as imagens de satélite quando os incêndios começaram. O Nugeo enviou um relatório detalhado no mês passado.
O relatório apontou a Fazenda Santa Edwirges como o ponto de ignição, levando a promotora a requerer uma vistoria urgente no local.
Dona da fazenda recebe multa
Entretanto, a constatação foi surpreendente: a propriedade estava abandonada, tomada pelo mato, e não havia ninguém para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido.
A Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou o abandono da fazenda, o que impossibilitou a chegada dos militares ao local exato do início do fogo.
A promotora Ana Raquel destacou a ausência de medidas preventivas, como a técnica do aceiro, que consiste no corte de vegetação ao redor das propriedades para evitar a propagação das chamas.
Diante do abandono e da negligência, a PMA aplicou uma multa administrativa no valor de R$ 19 milhões à proprietária da fazenda, que, segundo informações, reside no Rio de Janeiro.
A PMA encaminhará a multa ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), onde a proprietária poderá apresentar sua defesa.
Além disso, a Promotoria de Corumbá poderá aplicar uma segunda multa civil, caso o inquérito identifique crime ambiental pelo abandono da propriedade e falta de precauções para prevenir incêndios florestais.
Esta não é a primeira vez que a Fazenda Santa Edwirges enfrenta investigações por incêndios florestais no Pantanal. No ano passado, a propriedade também foi alvo de apurações similares.
Em novembro de 2023, Mato Grosso do Sul registrou 3.860 focos de incêndio.
O Inpe alertou que o fogo consumiu mais de 1 milhão de hectares no Pantanal neste ano, triplicando os números registrados no ano anterior.