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Amaggi amplia uso da ‘muvuca’ para restaurar áreas degradadas

A Amaggi, empresa produtora de grãos e fibras em Mato Grosso, está ampliando o uso da técnica de semeadura direta de sementes nativas, conhecida como ‘muvuca‘, para a restauração de áreas degradadas em três fazendas da empresa no estado.

A semeadura direta é realizada com sementes nativas coletadas em áreas rurais e urbanas.

A mistura é semeada no solo, preparado para estruturação e controle de espécies exóticas indesejadas.

Cada espécie germina conforme seu estágio dentro do processo de regeneração natural da área.

A primeira propriedade a receber a ‘muvuca’ foi a Fazenda Tanguro, em Querência, em 2020. De lá pra cá já são 43,5 hectares da propriedade recuperados por meio da técnica.

No final de outubro de 2023, ocorreu a 4ª Expedição da Restauração Ecológica e da Rede de Sementes do Xingu, organizada pela Rede de Sementes do Xingu (ARSX) e Instituto Socioambiental (ISA).

Entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro, a equipe esteve novamente na Tanguro, onde foram utilizados aproximadamente 130 kg de sementes de cerca de 70 espécies de árvores nativas.

As sementes são oriundas de uma parceria entre a Amaggi, o Instituto Socioambiental (ISA) e a Rede de Sementes, que tem mais de 600 coletores de sementes nas bacias do Xingu e do Araguaia.

Para Rodrigo Junqueira, secretário executivo do ISA, esse trabalho em conjunto comprova que é possível buscar alternativas concretas para restaurar ecossistemas em grande escala.

“A Amaggi é uma referência no setor agropecuário de ponta. E que as suas áreas em restauração possam ser um exemplo para que outras propriedades, outras áreas, possam também fazer recuperação”, declarou Junqueira.

Atualmente, a Amaggi conserva um total de 137 mil hectares preservados em suas fazendas.

As próximas propriedades rurais da Amaggi a receberem sementes serão a Fazenda Primavera, em Primavera do Leste (MT) e Fazenda Carolinas, em Corumbiara (RO).

Semente que gera emprego e renda

A Rede de Sementes do Xingu, que fornece as sementes para a Amaggi, foi criada em 2007. Atualmente tem mais de 600 coletores de sementes. A capacidade de produção é de 30 toneladas, com uma média de restauração de 700 hectares ao ano.

Um dos objetivos da associação é ajudar a melhorar a vida dos coletores. Sua atuação se estende por 19 municípios e três terras indígenas (totalizando cinco etnias). O trabalho engloba ainda 20 assentamentos de agricultura familiar e gera renda para agricultores familiares, indígenas, quilombolas, entre outros.

A maior parte dos coletores é formada por mulheres, 76%, sendo a maioria delas adultas e idosas. Entre elas está Cleuza Nunes de Paula, que há dois anos atua na aldeia Paraíso, em Canarana.

“Sempre gostei de plantar e colher as coisas, toda a vida eu gostei de fazer isso. Já aprendi muito e já passei muito conhecimento sobre planta. Minha mãe criou a gente na roça. Amo a natureza e fazer esse trabalho”, afirmou.

A coleta da Rede ocorre sob demanda, ou seja, é preciso que um comprador entre em contato para fazer a encomenda. Depois de coletadas, as sementes já beneficiadas vão para as ‘Casas de Sementes’, sendo três no total: em Nova Xavantina, Canarana e Porto Alegre do Norte.

“O mais legal dessa técnica é que ela consegue gerar recursos para a comunidade. O dinheiro vai direto para os coletores de sementes, que hoje são mais de 25 grupos na Rede de Sementes do Xingu, entre indígenas, coletores urbanos e agricultores familiares. Nesses 16 anos, já receberam recursos de mais de R$ 6 milhões com a venda de sementes”, disse Bruna Ferreira, diretora da Rede de Sementes do Xingu.

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