A imagem do cardápio de uma barraca de praia em Búzios, no Rio de Janeiro, que viralizou nas redes sociais, escancara um problema antigo do turismo brasileiro: a cultura de se aproveitar do turista.
Uma refeição simples, com arroz, fritas, salada e frango, sendo vendida por R$ 470 não é apenas uma questão de custo operacional, inflação ou alta temporada. Em muitos casos, isso é o reflexo de uma prática recorrente: cobrar o máximo possível porque o turista “está de passagem”.Muitos destinos que praticam preços absurdos costumam se apoiar na justificativa de que o custo operacional para levar alimentos até o local é alto, como acontece frequentemente em lugares como Morro de São Paulo, Fernando de Noronha, entre outros destinos isolados. O problema é que quando esse mesmo tipo de prática aparece em cidades com acesso fácil, infraestrutura urbana e logística simples, fica claro que não se trata apenas de custo, mas de oportunismo.Isso só reforça uma realidade incômoda: preços abusivos no turismo não são um problema regional, mas nacional.O Brasil, infelizmente, ainda trata o turismo como uma oportunidade de ganho rápido, e não como uma atividade econômica sustentável. Em vez de fidelizar o visitante, oferecer uma boa experiência e fazer com que ele volte, muitos estabelecimentos optam por extorquir em uma única visita.O argumento de que “ninguém é obrigado a consumir” não resolve o problema. Preço no cardápio não justifica valores completamente desconectados da entrega. Turismo de qualidade se constrói com equilíbrio entre preço, serviço e experiência, não com oportunismo.Casos como esse ajudam a explicar por que tantos brasileiros preferem viajar para fora do país. Não porque o exterior seja sempre mais barato, mas porque lá existe previsibilidade, respeito ao consumidor e menos sensação de estar sendo passado para trás.Enquanto o turismo brasileiro continuar sendo visto como caça-níquel e não como indústria séria, episódios como esse vão continuar viralizando, e afastando visitantes.









