A paralisação dos profissionais de enfermagem da Santa Casa de Campo Grande entrou no segundo dia nesta terça-feira (23), motivada pelo atraso no pagamento do 13º salário. Os trabalhadores da categoria se reuniram na manhã de hoje no saguão do hospital, mantendo o movimento enquanto não houver a quitação dos valores devidos. O atendimento está sendo feito por 50% do efetivo e as visitas estão reduzidas.
Segundo o Siems, não houve avanço nas negociações com a administração da instituição. O sindicato informa que nenhuma nova proposta foi apresentada para solucionar o impasse, o que mantém o indicativo de paralisação.
Com a mobilização, o hospital opera com equipe reduzida. Cerca de 70% dos profissionais de enfermagem aderiram ao movimento, enquanto apenas 30% seguem atuando nos setores essenciais, percentual adotado para evitar desassistência total aos pacientes. A crise financeira, no entanto, afeta todos os funcionários da Santa Casa, incluindo médicos e equipes administrativas, diante do não pagamento do 13º salário.
A categoria recusou a proposta inicial de parcelamento do benefício em três vezes, entre janeiro e março de 2026. De acordo com os trabalhadores, a administração informou que o hospital não dispõe de recursos em caixa e aguardava um aporte financeiro de aproximadamente R$ 9 milhões do Governo do Estado, valor que permitiria o pagamento da maior parte dos funcionários. Diante da indefinição, a paralisação foi mantida com funcionamento mínimo.
A direção da Santa Casa atribui a crise à inadimplência e à falta de reajustes nos repasses públicos. No entanto, tanto a Prefeitura de Campo Grande quanto o Governo de Mato Grosso do Sul afirmam que os repasses estão em dia.
A prefeitura informou que mantém todos os pagamentos regulares e que, desde o início de 2025, realiza aportes extras mensais de R$ 1 milhão para auxiliar no custeio da instituição. Já o governo estadual destacou que, somente em 2025, já repassou mais de R$ 115,7 milhões à Santa Casa e reforçou que não é responsável pelo pagamento do 13º salário dos funcionários.
A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul esclareceu que não há pactuação para que o Estado arque com o 13º salário. Segundo a pasta, repasses extraordinários foram realizados em anos anteriores, de forma pontual, para auxiliar hospitais filantrópicos. A SES também informou que os valores da contratualização da Santa Casa são transferidos regularmente ao município até o quinto dia útil, somando, de janeiro a outubro, R$ 90,7 milhões, o que corresponde a pouco mais de R$ 9 milhões mensais.
O cenário permanece de tensão na instituição. Enquanto a enfermagem mantém a paralisação, os médicos optaram por não entrar em greve, escolhendo medidas judiciais para cobrar o pagamento do benefício. Ainda assim, o impacto já é sentido na rotina do hospital, com restrições de visitas e reorganização dos atendimentos, sem previsão de quando o impasse será resolvido.









