A decisão da MSC Cruzeiros de restringir o uso de óculos inteligentes com câmera a bordo de seus navios vem gerando debate e muita repercussão nas redes sociais. O tema ganhou força depois que a companhia atualizou suas regras internas, proibindo o uso desses dispositivos em determinadas áreas comuns dos navios, principalmente por questões relacionadas à privacidade dos passageiros e da tripulação.
Quando publiquei essa informação nas minhas redes sociais, muitos seguidores comentaram algo na linha de: “Ah, mas a própria MSC vende esses óculos a bordo, nas lojas do navio.” E é exatamente aqui que surge uma confusão comum, mas importante de esclarecer.
Existe uma diferença clara entre vender um produto e autorizar o seu uso irrestrito em todos os ambientes. O fato de a MSC comercializar óculos inteligentes em suas lojas não significa, automaticamente, que eles possam ser utilizados em qualquer espaço do navio. A restrição não é sobre a tecnologia em si, mas sobre onde e como ela pode ser usada. Em áreas públicas, onde outras pessoas podem ser filmadas ou gravadas sem perceber, a companhia optou por limitar o uso justamente para evitar registros não consentidos.
Na prática, a regra segue uma lógica semelhante a várias outras existentes a bordo: há itens e produtos que podem ser comprados ou levados no navio, mas cujo uso é regulado dependendo do local, do contexto e do impacto sobre os demais passageiros. O foco da MSC, segundo a própria política, é a privacidade e a segurança coletiva.
Ainda assim, o assunto abre um debate mais amplo, e aqui entra o meu questionamento pessoal. Vivemos um momento em que caminhamos, inevitavelmente, para um mundo cada vez mais tecnológico, conectado e monitorado. Estamos o tempo todo sendo filmados de alguma forma, seja por celulares, câmeras de segurança, agora por óculos inteligentes, e, muito provavelmente, por tecnologias ainda mais discretas e imperceptíveis no futuro.
Diante disso, fica a reflexão: a MSC está tentando se antecipar e proteger a privacidade em um momento de transição tecnológica ou está impondo uma limitação que, hoje, até parece aceitável, mas que daqui a alguns anos será praticamente impossível de sustentar? Será que conseguiremos, de fato, bloquear ou proibir tecnologias que fazem parte de um caminho sem volta?
Esse é um debate que está só começando, e que, com certeza, ainda vai render muita discussão.









