quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Raul Germanos

Raul Germanos não canta apenas samba, conta histórias.

Histórias de rua, afeto, resistência e de amor pela vida que pulsa nas periferias de São Paulo. Em sua voz e no toque do cavaquinho, ele carrega o peso e a beleza de quem viveu o samba antes mesmo de entendê-lo como música, linguagem, refúgio, e identidade.

Nascido na Bela Vista e criado no Alto do Ipiranga, Raul aprendeu cedo que a rua ensina de muitos jeitos. Mas foi quando a vida o levou para o Campo Limpo, depois para o Capão Redondo, e o conectou profundamente a Taboão da Serra e toda a região, que sua história ganhou raiz. Ali, onde o samba ecoa nas calçadas, nos quintais e nas rodas improvisadas, ele encontrou pertencimento. Esses territórios não foram apenas lugares de passagem, foram escola, abrigo, espelho. Foi ali que o samba deixou de ser som e virou missão.

Filho de uma mãe apaixonada por samba e samba-rock, Raul cresceu embalado por melodias que atravessavam gerações. Cada canção ouvida em casa era uma semente. O despertar definitivo aconteceu ainda na escola, durante uma semana cultural no Campo Limpo. Diante do cavaquinho e das rodas de samba, algo se acendeu, a curiosidade virou paixão. A paixão virou caminho…Na casa de um amigo, com um pai professor do instrumento, Raul iniciou uma jornada silenciosa e profunda, aprendendo com os mais velhos, respeitando o tempo da música e entendendo que samba não se aprende só com técnica, se aprende com escuta e humildade.

Sua formação foi de rua, de vivência, de observação. Entre a percussão e o violão, foi no cavaquinho e na interpretação vocal que ele se encontrou por inteiro. Cada roda frequentada, cada verso cantado, cada noite em claro fortalecia sua identidade. Aos poucos, seu nome começou a ecoar nas rodas do Campo Limpo, Capão Redondo, Taboão da Serra e entorno, aproximando-o de referências vivas do samba, como Beto Sorriso, Mauro Zabumbeiro e tantos outros que ajudaram a construir a história da região.

Raul foi vocalista do grupo Pegada de Gorila, seu primeiro passo profissional, e acompanhou nomes fundamentais do samba, como Sombrinha. Teve o privilégio de caminhar ao lado de grandes compositores, como Zé Luiz do Império Serrano e Marquinhos, além de carregar o apadrinhamento musical de Chiquinho Vírgula, parceiro de Arlindo Cruz. Encontros que não apenas enriqueceram seu repertório, mas fortaleceram sua alma sambista.

Hoje, Raul Germanos prepara seu primeiro trabalho audiovisual para as plataformas digitais. Mais do que um projeto, é um testemunho de vida. Um samba que dialoga com o presente, sem jamais trair suas raízes. Um samba que respeita os mestres, honra o chão de onde veio e aponta caminhos para quem vem depois.

E quando Raul canta, não é só ele.
Canta o Campo Limpo.
Canta o Capão Redondo.
Canta Taboão da Serra.
Canta a periferia inteira.

Cada acorde é memória.
Cada verso é sobrevivência.
Cada silêncio entre uma nota e outra é a história de quem nunca teve palco, mas sempre teve voz!

Raul Germanos é o som que nasce do chão e sobe sem pedir licença.
É o samba que atravessa muros, vence distâncias e se transforma em legado.

Porque quando a periferia canta, através de Raul Germanos, o mundo não apenas escuta, o mundo sente.

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