10.12.2025 · 4:55 · Vereadora Luiza Ribeiro
A Câmara Municipal de Campo Grande sediou na manhã desta quarta-feira (10) uma audiência pública marcada por relatos fortes e pedidos urgentes de atenção. Convocada pela vereadora Luiza Ribeiro (PT), a reunião teve como foco ouvir o clamor das famílias do Residencial Athenas II, na região da Mata do Jacinto, que enfrentam diariamente problemas relacionados à segurança, moradia digna e garantia de direitos.
A audiência, conduzida pela Luiza Ribeiro, presidente da Comissão Permanente de Políticas e Direitos das Mulheres, de Cidadania e Direitos Humanos, abriu espaço para que os moradores pudessem falar, muitos pela primeira vez em um ambiente institucional. Foi um momento de escuta, acolhimento e visibilidade para quem convive há anos com estigmas, repressão, insegurança e falta de soluções definitivas.
Representando os moradores, Alisson Pereira, que vive no local há quase 20 anos, compartilhou a dor do preconceito e a luta constante por reconhecimento. “A gente sofre muito preconceito. Para muitos, tudo de ruim no bairro é culpa do Athenas. As crianças sentem isso, algumas têm vergonha de dizer onde moram”, relatou. Ele também chamou atenção para o impacto emocional das operações policiais, especialmente sobre crianças e adolescentes.
A moradora Marcela Souza Conceição reforçou o pedido por respeito e dignidade. Segundo ela, a forma como algumas ações de segurança têm ocorrido afeta famílias inteiras. “Lá tem crianças, idosos e autistas. Tem gente que trabalha e volta para casa com a porta estourada. A gente só quer dignidade. Não somos bandidos, somos famílias”, afirmou.
Outra moradora, Tainara Aparecida Souza Dias, levantou a bandeira pelo direito à moradia digna. “Nossa comunidade está cansada de ser oprimida. Queremos que o poder público enxergue nossas famílias”, destacou, citando as dificuldades diárias para cuidar do filho autista.
A vereadora Luiza Ribeiro ressaltou que a audiência foi convocada justamente para romper o silêncio historicamente imposto ao residencial. “Essas famílias muitas vezes são tratadas como invasoras e criminalizadas. Hoje, trouxemos autoridades para ouvir e dialogar. A Câmara existe para dar voz ao povo, e cada morador daqui importa”, afirmou.
Durante o debate, representantes da Defensoria Pública, Agência Municipal de Habitação, Guarda Civil Metropolitana, Águas Guariroba, Energisa e Conselho Tutelar explicaram os desafios e caminhos possíveis para regularização, reassentamento e melhoria dos serviços básicos. A Defensoria destacou que existe ação de reintegração em andamento e que soluções exigem vontade política e planejamento. Já a Emha apontou o reassentamento como alternativa mais viável, com cadastro de famílias previsto para a próxima visita técnica ao local.
Como desdobramento da audiência, foi encaminhada a visita conjunta de órgãos públicos ao Residencial Athenas II, com o objetivo de mapear demandas, levantar dados e construir medidas concretas para garantir segurança, dignidade e perspectiva de futuro às famílias.











