O que deveria ser uma viagem tranquila e de boas recordações, se transformou em um pesadelo para a família do casal de guias turísticos Rosemeri Márcia Voigtlaender e o marido Harryson. Após um assalto na fronteira do Peru com a Bolívia, a família, que viajava por países da América do Sul, teve todo o dinheiro e pertences roubados.
Acompanhado pelos pais de Rose, Erineu e Hiltrut, ambos de 78 anos, o casal, residente em Foz do Iguaçu, passou a viver um drama. Segundo Rose, o tour tinha o objetivo de mapear novas rotas turísticas para oferecer aos seus clientes, já que atuam de forma autônoma, sem vínculo com empresas de turismo.
Após 18 dias de tensão e do retorno incerto para casa, a saga da família teve um desfecho feliz no final desta semana, com o apoio da Secretaria de Assistência Social (SAS) de Campo Grande, que atuou para garantir as passagens da família para Foz do Iguaçu.
O caso da família destaca a importância dos serviços de Proteção Social Especial nos postos de atendimento da SAS em locais como a Rodoviária de Campo Grande, que conta com uma equipe de quatro profissionais, formada pela assistente social Maria Antônia Soares e pelos educadores sociais Maura Bezerra de Menezes, Gerson Silva Moreira e Francisco Eduardo Galvão Moreira.
Desde que chegaram à rodoviária da Capital, há uma semana, o casal e os dois idosos foram acolhidos e passaram a ser acompanhados pela equipe da Proteção Social Especial da SAS, que agilizou os trâmites para o retorno da família.
Percalços
Responsável pelos pais idosos, Rosemeri contou que a viagem deveria representar um alívio na renda da família, já que criariam roteiros para serem oferecidos no período das férias de final de ano. Como não contam com uma rede apoio que pudesse cuidar dos pais de Rose, a solução foi levar os idosos junto na empreitada, porém, ao chegarem na fronteira do Brasil com a Bolívia, a família foi assaltada, ficando sem a bagagem e dinheiro, incluindo uma quantia de US$ 1,5 mil dólares, que haviam economizado para as despesas. Até o par de alianças do casal de idosos foi levado.
Desesperada, Rose passou a pedir auxílio nas redes sociais e para pessoas que se solidarizaram com a história da família e conseguiram, além de alimentação, recursos para chegar até o Consulado, em La Paz, onde receberam alimentação e uma passagem para Corumbá. “Segundo o Consulado, eles só podem ajudar a pessoa até chegar ao Brasil. Inclusive eu falei que para nós, era bem mais perto terem nos mandado via Paraguai, já que estávamos na Bolívia, mas as regras não permitem. Foi o que nos explicaram”, disse Rose.
Em Corumbá, a família recebeu auxílio local para chegar a Campo Grande. Sem ideia de onde permanecer na Capital até a solução do problema, Rose teve o apoio, via rede social, de um idoso que ofereceu abrigo à família, que também foi orientada a buscar ajuda por meio dos serviços da Assistência Social do município. Ao receber o e-mail da família, ainda durante o trajeto do ônibus até a Capital, a equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) alinhou com os profissionais do ponto de apoio da SAS na rodoviária, o atendimento.
A família preferiu permanecer na estadia oferecida via rede social e a partir daí, a primeira medida foi verificar junto às empresas de ônibus, a possibilidade de obter passagens gratuitas para o casal de idosos, já preconizadas pela legislação nacional. Porém, a cota das empresas destinadas ao benefício, já estava fechada pelos próximos dois meses.
A equipe do ponto de apoio então deu início ao trabalho de acolhimento inicial, ouvindo os relatos da família e oferecendo suporte emocional. A assistente social Maria Antônia explicou que também foi realizada a avaliação socioeconômica, constatando a situação de risco social e desproteção da família, que tem como renda principal, a aposentadoria dos idosos, já que o casal não mantém vínculo empregatício com nenhuma empresa.
“Nossa função é realizar o encaminhamento para serviços de apoio, quando necessário, contato com familiares e agilizar a concessão de passagens rodoviárias para retorno à residência, quando o perfil da pessoa se enquadra na legislação. Dessa forma garantimos o direito ao transporte e à proteção social em caráter emergencial”, frisou a assistente social, que ainda repassou à família, orientações sobre a restituição de documentos e acesso a outros benefícios socioassistenciais.
O benefício de passagens terrestres é um serviço do município, regido por resoluções locais, e faz parte do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Alívio
Como não há rotas diretas para Foz do Iguaçu, a equipe da SAS viabilizou passagens para Campinas (SP) de onde a família seguiria para o destino final, já com as passagens também garantidas. Rose conta que o suporte da SAS foi fundamental para transmitir segurança aos seus pais, que estavam deprimidos e abalados emocionalmente.
“Minha mãe nem estava comendo mais porque mesmo se esperássemos o próximo pagamento deles, não poderíamos arcar com as despesas de retorno porque já havíamos investido todo o valor no pagamento de uma caução referente ao novo imóvel que eles irão morar, já que durante a viagem a casa que eles moravam sofreu avarias devido a um temporal e eles não têm como voltar para lá e para piorar eu e meu marido perdemos trabalhos, pois não pudemos retornar dentro da data prevista”, relatou.
Antes de embarcar, Rosemeri expressou o sentimento da família quanto ao suporte da SAS. “Todas as situações ruins que acontecem em nossa vida servem como aprendizado, ensinamento. Não consigo expressar o sentimento de alívio de retornar para casa. Se não fosse todo o trabalho de vocês, íamos chegar em Foz, mas meus pais não teriam onde morar”, concluiu.
#ParaTodosVerem As imagens são da família auxiliada pelas ações da SAS.








