Para quem vem acompanhando o caso, Deisi Remus, a influenciadora que supostamente copiou a matéria de uma blogueira internacional britânica, incluindo inclusive a foto original, finalmente se pronunciou em suas redes sociais (que continuam fechadas, inclusive).
Ela publicou uma nota onde afirma, abre aspas:
“Galera, só passando aqui pra esclarecer sobre esse ocorrido…
Antes da minha viagem pra Bruxelas, eu tinha preparado alguns conteúdos no blog (o que sempre faço antes das viagens), entre eles o post em questão. Eu sempre gosto de pesquisar bastante, principalmente ler dicas de blogs e afins…
Eu me inspirei no material dessa blogueira e publiquei no meu blog, que inclusive quase não tem acesso. Quando voltei, na correria e por falta de atenção, eu não revisei perfeitamente, deixando o conteúdo como estava (geralmente eu sempre coloco bastante fotos pessoais, relatos e afins).
Acho que o maior problema foi realmente ter mandado esse, dentre outros textos para o prêmio. Juro que minha expectativa nem era em cima desse especificamente (e muito menos em matérias escritas, porque quem já acompanha o prêmio sabe que eles geralmente focam em premiar mais jornalistas de revistas e afins).
E também, pra quem me acompanha sabe que o material que realmente bombou foi o das redes sociais, como o vídeo da festa de Versailles (que foi finalista em conteúdo para redes sociais). Inclusive ouvi no dia do evento de muita gente que esperavam que eu ia ganhar com o vídeo de versailles do instagram e não com matéria do blog.
Por algum motivo, depois da premiação que resolveram pesquisar imagens e afins para ver se tudo era integralmente meu. E eles frisaram que pra matéria escrita, tudo deveria ser autoral.
Tudo bem, foi dado o prêmio para outra pessoa… O que é o certo mesmo! Depois de algumas semanas a criadora entrou em contato comigo e, assim que ela me explicou a situação, eu removi tudo imediatamente, numa boa, sem discussão. Reconheço que errei em não ter revisado melhor e ter enviado para a premiação o conteúdo que não era 100% autoral.
Novamente, eu mandei vários conteúdos na correria para o prêmio, com tudo que eu tinha de assunto recente no blog sobre Europa. E errei mesmo de não ter enviado só os 100% autorais. Peço perdão pelo vacilo! rs 🫰
Outra coisa, embora o blog seja meu e do Gui, esse caso só tem relação comigo. Ele não tem nada a ver com o assunto. Eu faço meus posts no blog para minhas inspirações e afins, ele faz os dele. E ela nos seus vídeos não sei se soube passar essa informação, o que acabou gerando ataques contra ele… Ele nem sabia quais posts eu enviei pra premiação e nem sabia mesmo desses posts que eu tinha feito no blog (porque geralmente eu acabo postando e depois editando tudo, como falei, pra deixar atualizado).
Eu assumo que errei. Estou aprendendo com esse erro… E peço desculpas tanto pra ela, quanto pra todos que possam estar envolvidos. Inclusive vocês que também produzem conteúdos desse tipo de assunto.
Em resumo é isso, quem quiser pode me chamar no privado para conversar mais. ❤️”
Fecha aspas.
O que realmente chama atenção no pronunciamento é a contradição entre o discurso e os fatos. Deisi afirmou que “se inspirou”, mas admite que publicou o conteúdo como estava, inclusive com fotos que não eram dela. Isso causa estranheza porque a própria influenciadora britânica, no vídeo de denúncia, disse que o texto foi copiado “palavra por palavra”, e que ela mesma foi retirada com Photoshop das fotos que Deisi acabou utilizando como ilustração.
Além disso, há um outro ponto que precisa ser destacado, e que muita gente não sabe. Quando alguém se inscreve nesse prêmio, não sabe qual conteúdo especificamente será selecionado para avaliação. Eu mesmo, no ano passado, estive entre os finalistas na categoria “redes sociais”, com vídeos para redes sociais, e não fui informado qual vídeo concorreria por mim. Eu sabia quais estavam concorrendo, mas não qual havia sido levado à final. Isso só é revelado quando você ganha. Como eu fiquei entre os três finalistas e não ganhei, até hoje eu não sei qual foi o vídeo que concorreu. Ou seja, naquele momento em que Deisi subiu ao palco, ela descobriu oficialmente qual texto havia ganhado a disputa. E ali havia apenas duas atitudes possíveis dentro de uma conduta ética: recusar o prêmio, afirmando que o conteúdo não era original, ou creditar a autora original e explicar a inspiração, como se fosse realmente o caso, o que a gente percebe que não é.
Nenhuma dessas ações ocorreu.
Ela recebeu o prêmio, aceitou a viagem para a Europa e só retirou o conteúdo após a denúncia da criadora original. E aqui está o perigo dessa narrativa: Hoje se usa a palavra “inspiração” como camuflagem para apropriação.
Erros não são “vacilos”. São decisões.
E aqui eu quero fazer um parêntese pessoal: Eu, Vitor, tenho recebido inúmeras mensagens nas minhas redes sociais sobre esse caso, de jornalistas e influenciadores sérios de viagem, todos indignados com isso. Porque isso atinge não só uma classe de criadores de conteúdo, mas também profissionais que estudaram, que dedicam tempo, dinheiro e vida para produzir conteúdo autoral. Eu estava em viagem agora, fiquei 30 dias fora a trabalho, para produzir conteúdo original, que dá muito trabalho (ao contrário do que muita gente acha), afinal de contas, tanto nas minhas redes sociais, quanto aqui na minha coluna, são conteúdos próprios. Obviamente, a gente vê um conteúdo específico e pensa: “Gostei dessa ideia, vou pegar essa ideia e trazer para a minha realidade”. Isso é normal, desde que o mundo é mundo, em todas as áreas. Mas o que ela fez é plágio. É crime.
E agora, pior do que tudo isso, é ver o advogado do namorado dela, dono do blog, mandando intimações via direct nas redes sociais para todos os canais que replicaram a notícia de que o casal havia ganhado o prêmio. Segundo ele, apenas Deisi ganhou. Ou seja, a responsabilidade foi jogada somente nela. Mas o questionamento que fica é simples: Se o blog é um blog do casal, registrado no nome dele, ele também tem parcela de culpa, correto?
Que isso sirva de exemplo, e não só para o prêmio, que precisa passar a avaliar seus concorrentes com muito mais critério, mas para todos nós. Que possamos dar mais valor aos profissionais reais, que se dedicam, estudam e produzem. Não só aos que dão CTRL-C e CTRL-V e ainda saem com os louros.
Afinal, ela só devolveu o prêmio depois que foi denunciada…







